De acordo com um estudo conduzido na EPM-Unifesp (Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo), a dose de reforço da Pfizer para quem recebeu a vacina da AstraZeneca ou a CoronaVac aumenta significativamente o número de anticorpos contra a Covid-19. Com isso, a queda no nível de proteção registrada 75 dias após a segunda dose pode ser revertida com a dose de reforço da Pfizer.
No caso do reforço da Pfizer para quem tomou duas doses da CoronaVac, o aumento de anticorpos é de até 25 vezes. Já para aqueles que receberam a AstraZeneca o crescimento no número de anticorpos é de até 7 vezes. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Journal of Infection.
Com apoio da Fapesp, o estudo analisou dados de 48 profissionais de saúde de diferentes hospitais e instituições. Os que tomaram a CoronaVac têm idade média de 30 anos, enquanto aqueles que receberam duas doses de AstraZeneca têm 40 anos em média.
“Temos visto que a adesão à dose de reforço da vacina contra a Covid-19 não está tão alta quanto poderia ser. Nosso estudo, no entanto, mostra a importância de a população tomar a terceira dose porque há um aumento significativo da resposta imunológica e celular, indicando maiores níveis de proteção”, disse Alexandre Keiji Tashima, professor do Departamento de Bioquímica da EPM-Unifesp e autor correspondente do artigo, à Agência Fapesp.
Proteção da dose de reforço da Pfizer impressiona pesquisadores
Até ontem, 7 de março, 31% da população brasileira havia recebido a dose de reforço da vacina contra Covid-19, segundo levantamento de veículos de imprensa com dados das secretarias estaduais de Saúde. O percentual de vacinados com a primeira dose é de 82,8%, enquanto 72,7% completaram o esquema vacinal com duas doses.
“Com a pandemia, montamos um grupo de pesquisadores na Unifesp para trabalhar em estudos envolvendo a covid-19. O objetivo é fazer uma caracterização bioquímica completa dos anticorpos”, afirma Tashima, orientador do doutorado de Jackelinne Yuka Hayashi, primeira autora do artigo.
“É possível ver que mesmo com a redução da imunidade no período pós segunda dose ainda há uma resposta celular relevante contra os antígenos do coronavírus. No entanto, o interessante é que, após a terceira dose, os dois grupos tiveram aumento significativo tanto da resposta celular como da humoral [de anticorpos]. Isso foi algo que nos impressionou, indicando uma boa resposta nos dois grupos”, explica Tashima.