Uma nova variante do coronavírus foi identificada pela Secretaria Estadual de Saúde do RJ e batizada de P.1.2, ao ser uma mutação ocorrida na linhagem P.1, que foi detectada pela primeira vez em Manaus (AM) no começo do ano e se espalhou pelo Brasil. A nova cepa foi detectada em 5,85% das amostras analisadas, estando presente em pelo menos 11 cidades do estado, incluindo a capital fluminense.
Por ser muito nova, faltam estudos para concluir se a P.1.2 tem maior poder de transmissão e/ou letalidade do que as demais variantes em circulação no país. Em comparação à P.1, a nova cepa apresenta 7 novas mutações. A variante causa preocupação, pois uma das mudanças, a A262S, é na proteína S, que é onde agem os anticorpos da maioria das vacinas em uso contra a Covid-19.
“Além das mutações que já existiam na P.1, tivemos uma a mais na proteína S, e outras mutações em outras proteínas que também podem ser importantes. Ainda não podemos dizer que a variante P.1.2 é mais isso ou aquilo. Já estamos fazendo estudos para avaliar, no entanto, os resultados demoram um pouco”, explicou Ana Tereza Vasconcelos, coordenadora do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), ao jornal Extra.
Cepa P.1.2 está mais concentrada na Região do Norte Fluminense
O estudo analisou 376 amostras de pacientes de 57 cidades do estado do Rio de Janeiro. A nova variante P.1.2 foi detectada em 5,85% das amostras, que foram selecionadas a partir de genomas enviados ao Laboratório Central Noel Nutels (Lacen/RJ), entre os dias 24 de março e 16 de abril. Já a variante P.1 é dominante, aparecendo em 91,49% das amostras, enquanto outras linhagens foram encontradas em menor proporção: B.1.1.7 (2,13%), originada no Reino Unido, e P.2 (0,53%), que também teria surgido no Rio de Janeiro.
A região Norte do estado mostrou maior concentração da variante P.1.2, mas a cepa também está em outras regiões do estado, inclusive na capital. Em nota técnica, a Rede Corona Ômica RJ, composta por pesquisadores de diversos laboratórios fluminenses, disse que dos 22 novos genomas da P.1.2 analisados, “nove foram identificados no município de Conceição de Macabu, três em São Francisco do Itabapoana, dois em Santa Maria Madalena e um genoma em cada um dos municípios de Areal, Bom Jardim, Macaé, Macuco, Quissamã, Rio das Ostras, Rio de Janeiro e Trajano de Moraes”.
Variante P.1.2 está migrando para a Região Metropolitana do RJ
A queda na detecção da variante P.2, que predominava no Rio no fim de 2020 e agora foi encontrada em apenas 0,53% das amostras, chamou atenção de Ana Tereza Vasconcelos, coordenadora do LNCC, que também indica que a P.1.2 está migrando do Norte Fluminense para a Região Metropolitana.
“Já tínhamos sequenciado semanas atrás oito desses genomas com a P.1.2 no Norte Fluminense, em Conceição de Macabu. Fizemos mais sequências esta semana e percebemos que ela tinha se dispersado para outras cidades, saindo da Região Norte e indo para a Região Metropolitana também e outros locais. Agora estamos fazendo mais (sequenciamentos genéticos). Ela (a P.1.2) pode continuar aparecendo ou sumir. Por isso, precisamos fazer o monitoramento genético, sequenciando.”, afirmou a cientista.