Em nota divulgada nesta sexta-feira (7), a Associação Médica Brasileira (AMB) manifestou o “mais profundo repúdio” ao vazamento de dados pessoais de médicos a favor da vacinação contra Covid-19 de crianças de 5 a 11 anos.
Na avaliação da AMB, o vazamento de dado, que contou com o protagonismo da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), é uma “ação criminosa”. Aliada do presidente Jair Bolsonaro (PL), Kicis é presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.
“A iniciativa configura ataque à liberdade de pensamento e de expressão e tentativa de intimidação, além de método de incitar ameaças por parte das forças negacionistas a médicos comprometidos exclusivamente com a ciência e a boa assistência aos brasileiros.”, afirma a Associação Médica Brasileira.
Os dados vazados incluem informações como CPF, celular e endereços de e-mail de médicos que participaram de uma audiência pública do Ministério da Saúde para debater a vacinação de crianças contra Covid-19.
Kicis assumiu a autoria do vazamento em entrevista à jornalista Malu Gaspar, colunista do Jornal O Globo. Na ocasião, a deputada disse que recebeu os dados do Ministério da Saúde e os compartilhou em um “grupo de ‘zap’ (Whatsapp) de médicos”.
Queiroga desconversa sobre vazamento de dados de médicos
Assim como o presidente Jair Bolsonaro, Kicis tem se colocado contra a vacinação infantil, contrariando recomendações de especialistas da área de Saúde e da Agência Brasileira de Vigilância Sanitária (Anvisa), que aprovou o uso pediátrico do imunizante da Pfizer no dia 16 de dezembro do ano passado.
Questionado por jornalistas sobre o vazamento de dados, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, desconversou e disse que não é “fiscal de dados”. Ele também afirmou que a imprensa deveria procurar Kicis, e não ele, para tratar sobre o tema.
A Associação Médica Brasileira disse que “não se calará em momento qualquer diante de ataques à boa medicina, à assistência digna aos cidadãos e aos médicos que exercem sua autonomia pautados em sólidas evidências científicas.”
A entidade representativa de classe também informou que tomará “todas as medidas possíveis para responsabilizar os detratores dos médicos, inclusive do ponto de vista legal”.