Nesta sexta-feira (7), em audiência no Senado, o governador do Piauí e responsável por tratar sobre a vacina Sputnik V em nome do Fórum Nacional de Governadores, Wellington Dias (PT), e senadores cobraram uma decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a importação do imunizante, que teve o pedido negado no final de abril.
Diretores da Anvisa também participaram da audiência e indicaram que há possibilidade de uma nova análise em breve após a entrega de mais informações sobre a Sputnik V, fabricada pelo Instituto Nacional Gamaleya, da Rússia.
Uma nova reunião entre a Anvisa e o Fórum de Governadores está marcada para esta sexta (7). A justificativa da agência para negar o pedido de uso da Sputnik V foi a presença de “adenovírus replicante” no imunizante. Por outro lado, o Gamaleya nega que a vacina use como vetor um adenovírus com capacidade de se reproduzir no corpo humano.
Durante a audiência, Wellington Dias defendeu a eficácia da Sputnik V e afirmou que novos documentos sobre a vacina russa já foram entregues à Anvisa. Dias também é presidente do Consórcio Nordeste, que já contratou 37 milhões de doses do imunizante.
“Nenhuma vacina no mundo está sendo utilizada com regras normais, todas estão sendo aprovadas de forma emergencial e excepcional. É isso que esperamos no Brasil”, disse o governador do Piauí.
“Não há como prever efeitos colaterais para nenhuma vacina (…) não bate a regra do vírus replicante que foi citado, isso causou um mal estar internacional”, completou.
Reunião com embaixador russo após veto à Sputnik V
De acordo com o governador, os russos ficaram em uma posição “delicada” após a avaliação da Anvisa. Após a não aprovação da vacina e as acusações da agência reguladora, houve uma reunião com o embaixador da Rússia no Brasil, Alexey Kazimirovitch, para que o contrato de compra da vacina não fosse rescindido.
“Nós estivemos lá na Embaixada da Rússia, inclusive, convencendo o embaixador a nos ajudar para que não houvesse desistência da parte dos produtores russos em relação a essa demanda que foi apresentada pelo Brasil, essas encomendas. Externei já a minha total confiança e o meu respeito à credibilidade que a Anvisa tem”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE).
Anvisa sinaliza possibilidade de nova análise da Sputnik V
Na audiência, o diretor da Anvisa, Alex Machado Campos, disse que a decisão não foi tomada com base apenas na presença do adenovírus replicante. Segundo ele, a agência pediu informações sobre a Sputnik V a 62 países que compraram a vacina, porém, a maioria ainda não havia iniciado a imunização em massa. No entanto, Campos disse que o processo segue em aberto.
“Eu acredito que com esse movimento a partir de hoje, com as tratativas que a Anvisa estabelecer com o Fórum de Governadores, imagino também que com a própria União Química, que essas lacunas (da Sputnik) possam ser superadas, e é uma perspectiva que está no horizonte”, afirmou Campos.
A também diretora da Anvisa, Meiruze Freitas, seguiu a mesma linha de Campos em sua fala na Comissão Temporária da Covid-19 no Senado. “A Anvisa está sempre aberta ao diálogo. Ainda há processos em discussão, inclusive, com os importadores”, disse ela.