Nesta quinta-feira (16), senadores membros da CPI da Covid criticaram o “experimento pseudocientífico” com uso de cloroquina e azitromicina conduzido pela Prevent Senior, que teria manipulado os dados da pesquisa e ocultado mortes de pacientes para defender o uso do medicamento sem eficácia comprovada contra a Covid-19.
Segundo reportagem da Globo News, a Prevent Senior teria feito um acordo com o governo federal para realizar um estudo sobre o uso combinado de cloroquina e azitromicina em pacientes com Covid-19.
A emissora afirma que teve acesso a um dossiê encaminhado por médicos e ex-médicos da Prevent Senior à CPI da Covid. De acordo com a reportagem, pacientes teriam participado do estudo sem consentimento. Nove pessoas morreram durante a pesquisa, mas apenas duas mortes foram divulgadas pela empresa de planos de saúde.
Para investigar a relação da Prevent Senior com o governo Bolsonaro, que usou o estudo para promover o uso da cloroquina contra Covid-19, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid convocou o diretor-executivo da Prevent, Pedro Benedito Batista Júnior, para prestar depoimento agendado para esta quinta (16). No entanto, ele não compareceu, alegando que demorou a ser notificado e não conseguiu se organizar para ir a Brasília.
“A Prevent Senior fugiu da CPI.A operadora de plano de saúde ocultou mortes em estudo sobre cloroquina, prescreveu “kit Covid”,assediou clientes pelo uso de remédios ineficazes. Isso com apoio de postagens e propaganda de um presidente da República irresponsável e aliado do vírus.”, postou no Twitter o relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Vice-presidente da CPI diz que ainda quer ouvir a Prevent Senior
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, também se manifestou sobre o caso nas redes sociais, afirmando que a comissão ainda quer ouvir o depoimento de Pedro Benedito Batista Júnior.
“A CPI ouviria hoje o depoimento do diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Batista Júnior, mas ele informou que não vai comparecer. A CPI da Covid recebeu um dossiê com uma série de denúncias de irregularidades, elaborado por médicos e ex-médicos da Prevent.”, postou Randolfe no Twitter.
“O documento informa que a disseminação da cloroquina e outras medicações foi resultado de um acordo entre o governo Bolsonaro e a Prevent. Segundo o dossiê, o estudo foi um desdobramento do acordo. Ouvir a Prevent continuará em nossa agenda.”, completou o senador.
O senador e médico Humberto Costa (PT-PE) classificou o estudo como “experimento pseudocientífico” e disse que o episódio é gravíssimo.
“A Prevent Senior, empresa de plano de saúde realizou no Brasil, em seu hospital, um experimento pseudocientífico que tinha o objetivo de ajudar o governo com sua visão de que medicamentos sem eficácia contra a doença poderiam ser utilizados e resultariam em resultados positivos.”, postou o parlamentar no Twitter.