As discordâncias entre o presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Maia, e do ministro da Economia Paulo Guedes tiveram fim nesta segunda-feira (5). Após jantarem juntos, ambos pediram desculpas mútuas pelos atritos causados por conta das reformas estruturais propostas pelo governo federal.
“Na minha última eleição [para presidência da Câmara], a única pessoa do governo que me apoiou foi o ministro Paulo Guedes. Nos dias seguintes à presidência, por divergências, por erros — e assumo os meus —, nós fomos nos afastando e, agora, na pandemia, mais ainda. Até na semana passada, deixo o meu pedido de desculpas, fui indelicado e grosseiro. Não é do meu feitio, ao contrário”, disse Maia.
“Eu nunca ofendi o presidente Rodrigo Maia. Isso não é ofensa pessoal, foi uma troca de opiniões. O presidente Rodrigo Maia falou: ‘Olha, você está atrasando a reforma tributária’. E eu: ‘Olha, e as privatizações aí?’ Isso são trocas de opinião. Não tem ofensa. Agora, eu, caso eu tenha ofendido o presidente Rodrigo Maia ou qualquer político que eu possa ter ofendido inadvertidamente, eu peço desculpas também. Não é um problema”, disse Guedes em seguida.
No intervalo do jantar, Maia e Guedes afirmaram que estão dispostos a fazerem uma ação conjunta do Executivo e Legislativo para o avanço das reformas.
“Disse ao ministro e a todos os presentes que a situação fiscal do Brasil, pela pandemia e não pelas circunstâncias do governo Bolsonaro, era uma situação muito dramática. E que nós tínhamos que estar unidos dentro do teto de gastos para encontrar as soluções. As soluções para o programa de transferência de renda, que precisa ser criado, com todas as dificuldades que teremos”, afirmou Maia.
“Do ponto de vista técnico, tudo isso tá elaborado, não tem nada novo. A renda básica, a renda cidadania, a renda Brasil, ela é inclusive bastante diferente do auxílio emergencial. O auxílio emergencial é para pessoas, é direto, é em caso de emergência. O Renda Brasil é muito mais estruturado, ele consolida 27 programas sociais”, declarou Guedes.
“Fez parte da nossa campanha. Já estava pronto lá. Então essas coisas estão basicamente prontas, mas quem dá o ‘timing’ das reformas é sempre a política. Quando a pandemia nos atingiu, ela atrasou a nossa pauta. E criou todos esses desconfortos, desentendimentos”, prosseguiu.
Quem também participou do jantar foi o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que disse que a reaproximação foi “fundamental”.
“Esse gesto de reaproximação foi fundamental para que a gente possa, a partir de amanhã, virar um página nessa construção que é coletiva. Cada um assumindo sua responsabilidade, dentro do papel institucional, de forma republicana e democrática. Essa reunião de hoje marca um novo iniciar dessa relação, com franqueza, com honestidade, com divergência, que é natural da vida pública as divergências, mas sempre respeitando, dialogando, para construir os consensos, porque, se nós levantarmos os dissensos, a gente não consegue construir os consensos”, declarou Alcolumbre.