Real tem desvalorização de 31% no terceiro trimestre, diz FGV

O real encerrou o terceiro trimestre deste ano com uma desvalorização expressiva de cerca de 31%. A saber, o aumento das preocupações fiscais e políticas no Brasil vem enfraquecendo a moeda brasileira nos últimos tempos. E isso deve se prolongar até o final de 2022.

De acordo com o estudo do Centro de Macroeconomia Aplicada da Escola de Economia de São Paulo da FGV (FGV/EESP), os dados se referem até setembro deste ano. Aliás, a divulgação do estudo ocorreu na última quinta-feira (4).

“Reiteramos que a manutenção do desalinhamento além dos fundamentos externos de longo prazo, que melhoraram significativamente nos últimos meses, sugere que a percepção de risco relativa à situação fiscal e política mantém-se elevada, ocasionando momentos de grande volatilidade no mercado cambial”, afirmaram Emerson F. Marçal, coordenador da graduação, e Oscar R. Simões, pesquisador, do Centro de Macroeconomia Aplicada, em nota.

Inclusive, o cenário não deverá mudar no curto prazo, segundo os pesquisadores. “As incertezas orçamentárias com eventual revisão do teto de gastos poderá manter o (risco-país) em patamares altos ao longo deste final de 2021 e de 2022 e logo o mercado cambial pressionado”, acrescentaram.

Riscos fiscais e flexibilização do teto de gastos enfraquecem real

Em resumo, o mercado direcionou ainda mais suas atenções à Brasília quando o governo confirmou seus planos de flexibilizar as regras fiscais do país. Segundo o governo, o objetivo da medida é financiar benefícios sociais mais robustos para a população. Contudo, isso deve ocorrer apenas até o final de 2022.

Por isso, muitos dizem que essa medida é uma forma de angariar votos para o presidente Jair Bolsonaro nas próximas eleições presidenciais. O problema é que o aumento de gastos públicos impulsiona a inflação do país, que já está nas alturas. Como consequência, os juros básicos do país também avançam, e tudo isso resulta em menor poder de compra do consumidor.

Ao mesmo tempo, o mercado teme que o governo federal dê calote nos seus credores e não honre suas dívidas. Até porque a principal aposta do governo para financiar o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família, é a PEC dos Precatórios. Aliás, a Câmara dos Deputados aprovou ontem (4) a proposta, que ainda passará por outras votações.

Por fim, a PEC dos precatórios disponibilizará ao governo mais de R$ 90 bilhões para realizar os pagamentos do Auxílio Brasil. A propósito, precatórios são as dívidas do governo já reconhecidas pela Justiça. Em suma, a PEC permitirá o parcelamento dos pagamentos mais elevados para utilizar esse dinheiro no Auxílio Brasil. No entanto, a dívida continuará existindo, e isso enfraquece cada vez mais o real.

Leia Mais: Criação de vagas de emprego nos EUA supera projeções em outubro

Ruan Samarone

Recent Posts

Confira o calendário do programa Mães de Pernambuco 2025

O programa Mães de Pernambuco 2025 já está movimentando as expectativas das mamães pernambucanas. Com…

24 horas ago

Pé-de-Meia Licenciaturas: o que você precisa saber sobre as regras de manutenção

O Pé-de-Meia Licenciaturas é uma das iniciativas mais aguardadas por estudantes que buscam formação superior…

2 dias ago

Bolsa Família e Auxílio Gás: veja as datas de pagamento do mês de agosto

Agosto chegou trazendo uma boa notícia para quem depende do Bolsa Família e do Auxílio Gás. Saber…

3 dias ago

PIS/PASEP: Pagamento final do abono salarial é realizado nesta semana – confira se você tem direito

Chegou o momento decisivo para milhares de trabalhadores brasileiros: o pagamento final do abono salarial…

1 semana ago

Descontos ilegais: INSS devolve R$ 1 bilhão a beneficiários afetados

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) surpreendeu milhares de pessoas ao anunciar a devolução…

1 semana ago

Bolsa Família em agosto terá adicional de R$ 108; confira as datas de pagamento

Além do valor regular do Bolsa Família, haverá um adicional de R$ 108 referente ao…

1 semana ago