Nesta quinta-feira (23), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que 2024 ainda não se encontra no horizonte considerado relevante para a instituição no que tange a condução da política monetária. Ainda, em sua declaração, ele disse que as estimativas tanto no comunicado quanto na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
O motivo dessa declaração se deve ao fato do BC ter divulgado a projeção da inflação para 2024, que ficou em 2,7%. Geralmente, a projeção para além do ano seguinte é divulgada em agosto, que é o momento em que 2024 entraria no horizonte em que o Banco Central entende que a política monetária atual passa a ter efeito.
De acordo com Campos, “foi mais um tema de transparência do que pensar em mudar a forma de atuação” e que “2024 vai entrar em horizonte em agosto, na janela que usamos usualmente”. Por fim, Campos afirmou que “ a incerteza está acima do usual”, e que o horizonte relevante não está sendo mudado.
Política monetária americana
Diogo Guillen, Diretor de Política Econômico também comentou sobre as últimas decisões do Federal Reserve em relação à política monetária americana. “Já está incorporado nos mercados, mas vamos passar por um período de discussão de crescimento mais baixo”, afirmou Guillen.
Hoje, o chefe do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que o controle da inflação mais alta em 40 anos é “incondicional”, afirmando também que reconhece que o aumento das taxas de juros de forma acentuada pode elevar o desemprego no país norte-americano.
Medidas para a contenção da alta de combustíveis
Campos Neto disse que ainda é necessário que o Banco Central entenda nos detalhes as medidas que serão adotadas pelo governo para combater a alta dos combustíveis. Segundo ele, só a partir disso será possível avaliar o impacto e a reação do Banco Central em relação ao que deve ser feito em termos de política monetária.
Ainda, segundo ele, o comunicado da última reunião do Copom incluiu, para fins de transparência, algumas ações que já vinham sendo tomadas para combater a alta de preços, contudo, ainda é necessário aguardar tanto o governo quanto o Legislativo definirem quais serão as medidas que irão de fato impactar o preço dos combustíveis.
“O Banco Central não faz política fiscal, nem previsão, nem comenta medidas. É importante esperar que medidas fiscais sejam concluídas para ver ajustes que temos que fazer”, declarou Campos Neto.
O Governo Federal vem buscando medidas para tentar frear a alta dos combustíveis. Contudo, ao que tudo indica, não haverá subsídio para abaixar o valor, mas sim a oferta de um voucher de combustível para caminhoneiros, além do vale-gás para os beneficiários do Auxílio Brasil.
Também vem sendo discutida a possibilidade de alteração na Lei das Estatais por Medida Provisória, alterando o texto de forma que permita ao governo interferir na política interna da Petrobras. Esta alteração na Lei das Estatais foi fortemente rechaçada pela equipe econômica do governo, que é liderada pelo ministro da Economia Paulo Guedes, embora tenha sido defendida pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.