O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) fez sua primeira denúncia à Justiça por conta das mortes ocorridas durante a operação na favela do Jacarezinho, na Zona Norte, da capital carioca. No documento, revelado pelo portal “G1” nesta sexta-feira (15), o órgão acusa dois policiais civis de terem forjado provas na cena do crime – com a ajuda de “terceiros”.
De acordo com o documento, os agentes em questão são Douglas de Lucena Peixoto Siqueira e Anderson Silveira, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil. Ambos, conforme aponta o MPRJ, receberam o apoio de outras pessoas para “plantar” uma granada onde um homem identificado como Omar Pereira da Silva foi executado.
“Terceiros ainda não suficientemente identificados nos autos, em comunhão de ações e desígnios com os denunciados Douglas e Anderson, inovaram artificiosamente o local de morte em decorrência de intervenção policial, ao nele inserirem uma granada”, diz a denúncia do órgão.
Segundo o órgão, os policiais devem responder pela execução de Omar, que foi assassinado dentro de uma casa na comunidade. Dos agentes, um, Douglas, foi denunciado por homicídio doloso, aquele onde há a intenção de matar e fraude processual. O outro, Anderson, é acusado somente por fraude processual.
As fraudes cometidas pelos agentes
No documento apresentado pelo MPRJ, consta que as fraudes cometidas foram:
- Remoção de cadáver antes da perícia;
- Apresentação falsa de uma pistola glock .40 e um carregador;
- Inserção de uma granada que, segundo os policiais, estaria em posse de Omar.
Ainda de acordo com o Ministério Público, os agentes, após a execução, afirmaram que a vítima, antes de morrer, atirou uma granada contra os policiais e, por isso, Douglas teve que atirar em Omar.
No entanto, o MPRJ afirma que não houve legítima defesa, visto que as investigações constataram que a vítima estava encurralada e ferida, com um tiro no pé. Além disso, constatou-se que o homem não estava armado e sofreu os disparos de uma curta distância.
A ação no Jacarezinho
A ação policial na favela, em maio deste ano e deixou 28 mortos. Assim como revelou o Brasil123, essa foi a operação mais letal da história do Rio de Janeiro.
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