A Polícia Civil confessou ter duplicado o depoimento de um dos agentes da Polícia Militar (PM) suspeito de estar envolvido na ação que deixou adolescente e padrasto mortos no último sábado (25) em Anchieta, no Rio de Janeiro.
A informação foi dada nesta quarta-feira (29) pela “TV Globo”, que afirma que um inspetor da Polícia Civil resolveu repetir a versão de um dos agentes para “facilitar o trabalho”.
De acordo com as informações, investigadores já tinham notado que as versões dos agentes Leonardo Soares Carneiro e Edson de Almeida Santana estavam parecidas.
Após o caso ter vindo à tona, a polícia revelou que os dois serão ouvidos para dar suas versões sobre o ocorrido – a entidade não revelou qual deles foi, de fato, ouvido.
Contradição dos agentes da PM
Nos depoimentos atribuídos aos agentes, a polícia já tinha encontrado uma contradição. Isso porque, na oitiva, foi dito que Samuel Vicente, um adolescente de 17 anos, estava com um fuzil e mirou na direção dos policiais e, por isso, eles teriam reagido.
Todavia, depois disso, foi afirmado que o jovem estava com uma arma menor, uma pistola com quatro munições. Além disso, os agentes contaram que estavam fazendo um patrulhamento na região onde aconteceu o fato e, por isso, precisaram se abrigar porque foram atacados a tiros. Neste momento, afirmaram os agentes, uma moto com três pessoas veio para cima deles, sendo que a última pessoa no veículo parecia estar com um fuzil e teria mirado nos policiais.
Família nega que vítimas eram envolvidas com o crime
Além do depoimento invalidado que conta a versão da polícia, existe o lado da família de Samuel e Willian Vasconcellos da Silva, que era seu padrasto. De acordo com os entes queridos da vítima, Samuel estava na garupa de uma moto guiada pelo padrasto, que também levava a namorada do adolescente, Camily Polinário, que estava passando mal, para uma Unidade de pronto Atendimento (UPA).
Segundo os familiares das vítimas, no caminho da unidade, os três, que estavam juntos na moto, acabaram sendo surpreendidos por uma equipe de agentes da PM que chegou atirando. Padrasto e enteado acabaram morrendo e a jovem ficou feriada e se recupera.
Tanto o adolescente quando seu padrasto foram enterrados na terça-feira (28). De acordo com as informações, Camily Polinário, que sobreviveu ao ataque, não foi à cerimônia porque ainda está em choque. Ela precisou levar 54 pontos nos ferimentos a bala.
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