Perda de renda em 2021 foi maior para os mais ricos, aponta estudo

A pandemia da Covid-19 provocou fortes impactos econômicos em todo o país. Milhões de brasileiros sofrem com a redução da renda ou a perda do trabalho. E tudo isso afetou, principalmente, os mais pobre, pelo menos no início da crise sanitária.

A saber, a renda média per capita dos 40% mais pobres das regiões metropolitanas do país chegou a cair quase 32% no início da pandemia. Enquanto isso, o rendimento dos 10% mais ricos recuou apenas 2,5% no período.

No entanto, a situação mudou completamente no final de 2021. Em resumo, a reabertura da economia e o fim das medidas restritivas fez os dados se inverterem. No quarto trimestre de 2021, o rendimento dos mais pobres estava 8,9% menor que o registrado antes da pandemia. Já a renda média dos mais ricos tinha uma perda de 12,8% em relação ao primeiro trimestre de 2020.

“Com a vacinação e a possibilidade da retomada da atividade econômica, a renda dos mais pobres, que tinha despencado e ido parar no fundo do poço, começa a se recuperar, ainda que lentamente. Enquanto isso, a renda dos mais ricos começa a ter uma queda mais clara”, disse Andre Salata, pesquisador da PUC-RS e coordenador do estudo.

Por falar nisso, o estudo foi produzido em parceria por pesquisadores da PUC-RS, do Observatório das Metrópoles e da Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL). O principal objetivo da pesquisa é analisar o rendimento dos brasileiros nas regiões metropolitanas do país e o impacto da pandemia na renda.

Mais pobres têm trabalhos informais

Além disso, o professor da UFRJ e coordenador do estudo, Marcelo Ribeiro, explicou a maioria dos 40% mais pobres realizam atividades informais. Como a pandemia provocou o distanciamento social, muitos trabalhadores tiveram que ficar em casa, sem renda.

Contudo, a reabertura gradual da economia está fazendo estes trabalhadores voltarem às suas ocupações. Nem todos retornaram para as atividades que já realizavam, mas, ainda assim, estão aumentando o rendimento, bastante afetado no início da crise sanitária. Com os mais ricos aconteceu o contrário.

“Os 10% mais ricos estão em geral em ocupações com proteção social, com carteira de trabalho, e eles conseguiram assegurar seus empregos e renda no primeiro ano da pandemia”, disse Ribeiro. E o que explica a queda recente da renda média deste segmento da população é a estagnação econômica.

Em suma, a oferta de mão-de-obra vem superando a demanda das empresas, e isso afeta as remunerações e salários pagos. Entretanto, o que mais vem reduzindo a renda dos mais ricos é a inflação, que permanece em patamar bastante elevado há meses.

Seja como for, o estudo destaca que os mais pobres foram os mais prejudicados pela pandemia e todos os efeitos decorrentes dela.

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Ruan Samarone

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