A CPI da Covid-19 recebeu o advogado Tadeu Frederico de Andrade nesta quinta-feira (07). Durante seu depoimento, ele deu declarações fortes sobre o período que teve o vírus e foi atendido pela Prevent Senior, onde passou quase um mês intubado. De acordo com ele, médicos da operadora de plano de saúde tentaram convencer sua família a tirá-lo da UTI e enviá-lo aos cuidados paliativos.
Ainda conforme ele, para convencer seus familiares, os médicos, que alegavam que ele não teria mais cura, usaram o prontuário de uma outra paciente. De acordo com Tadeu, a conversa sobre desligar seus aparelhos aconteceu quando uma médica, identificada como Daniela de Aguiar ligou para sua filha.
Médicos da Prevent Senior revelam suas identidades e dizem que não são criminosos
No telefone, a médica teria dito que ele deveria ser enviado para a ala de cuidados paliativos, pois “teria maior dignidade e conforto” no óbito, que ocorreria em poucos dias. Nesse sentido, informou o advogado, pelo o que explicou Daniela Aguiar, os equipamentos da UTI que o mantinham vivo seriam desligados.
Insistência médica
Segundo o advogado, em um primeiro momento, Daniela Aguiar ligou para sua filha pedindo o consentimento para que Tadeu fosse enviado para os cuidados paliativos, desligando, assim, os aparelhos que o mantinha vivo. Todavia, após a recusa da filha, o plano de saúde convocou ela e sua irmã para uma reunião com três médicos da Prevent.
De acordo com o advogado, nesta reunião, os profissionais apresentaram um prontuário de outra pessoa, com comorbidades que Tadeu jamais havia tido.
“Nessa reunião, eles tentam convencer minha família de que, pelo prontuário na mão, eu tinha marcapasso, eu tinha sérias comorbidades arteriais e que eu tinha uma idade muito avançada. Esse prontuário não era meu, era de uma senhora de 75 anos. Eu não tenho marcapasso. A única coisa que tenho é pressão alta. Sempre tive”, relatou.
Câmara de SP terá CPI para investigar Prevent Senior
Em outro momento, Tadeu informa que, no prontuário dele, havia a informação de que sua família teria autorizado que os cuidados paliativos fossem iniciados. De acordo com o advogado, tal fato é mentira, visto que sua filha havia vetado a ideia.
“Ao final, diz no prontuário que está em mãos da CPI e do Ministério Público de São Paulo, a médica escreve: ’em contato com a filha Maíra, a mesma entende e concorda [com os cuidados paliativos]’. Isso é mentira. Minha família não concordou”, continuou o advogado.
“Minha família não concordou nessa reunião com o início dos cuidados paliativos. Se insurge, ameaça ir à Justiça para buscar uma liminar para impedir que eu saísse da UTI e ameaça procurar a mídia. Nesse momento, a Prevent recua e cancela o início do cuidado paliativo, ou seja, em poucos dias, eu estaria vindo a óbito. E hoje estou aqui”, completou Tadeu. Veja o vídeo:
Advogado usou o “Kit Covid”
Em outro momento, o advogado revelou que, assim que apresentou os sintomas da Covid-19, isso em dezembro de 2020, recebeu um atendimento online, que durou cerca de dez minutos. De acordo com ele, após a consulta, a médica que lhe atendeu disse que mandaria medicamentos para a casa dele.
Segundo ele, os remédios em questão eram os que compõem o famoso “kit Covid” e foram entregues por um motoboy, que foi até sua residência. “Foi enviado por motoboy. Comecei a tomar. Não tinha o que contestar. Estava sendo orientado por uma médica”, disse o advogado à CPI.
Por fim, ele ainda revelou que, depois de cinco dias tomando os medicamentos, sua saúde só piorou e, por conta disso, ele resolveu ir ao pronto-socorro da Prevent, onde se constatou que ele estava com uma pneumonia bacteriana, já em estágio avançado. Logo na sequência, ele foi intubado, permanecendo neste estado por volta de 30 dias.
Leia também: Médicos do Hospital das Forças Armadas foram orientados a prescrever ‘kit Covid’