A médica intensivista e cardiologista Ludhmila Hajjar, em entrevista ao jornal O Globo, afirmou que o sistema de Saúde do Brasil deve entrar em colapso dentro de uma semana devido ao aumento de casos de Covid-19 provocado pela variante Ômicron, a mais transmissível desde o começo da pandemia.
Em março de 2021, Hajjar havia sido cotada para assumir o Ministério da Saúde quando Eduardo Pazuello deixou o cargo, mas recusou o convite do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na avaliação dela, o sistema de Saúde do país entrará em colapso em breve, pois além do aumento de casos na população em geral, a Ômicron tem causado muitas infecções em profissionais da área, que acabam desfalcando os hospitais quando precisam cumprir o isolamento.
“Temos pela primeira vez a junção de dois fatores: uma variante altamente prevalente infectando muita gente imunizada. Isso faz com que um número alto de pessoas se infecte com a forma branda da doença, o que é bom para a imunização. Não podemos, no entanto, baixar a guarda com a vacinação.”, disse a médica.
“A maioria dos médicos e enfermeiros foi imunizada com duas doses da CoronaVac e reforço da Pfizer. A CoronaVac foi importantíssima no início, frente à inexistência de outras. Mas ela não protege como as outras em relação a novas variantes. Muitos de nós seremos infectados. De uma forma mais branda em relação ao que se viu há um ano, quando não havia imunizantes no Brasil. Mesmo assim, seremos afastados.”, acrescentou Hajjar.
Onda de casos da Ômicron tem infectado profissionais da saúde
Como o número de pacientes vem subindo, enquanto o número de profissionais de saúde disponíveis diminui, “em uma semana os sistemas de saúde deverão entrar em colapso no Brasil”, argumenta a médica, que relatou já ter 56 colegas do Hospital das Clínicas afastados após serem infectados pelo novo coronavírus.
Apesar de ser a favor da redução do tempo de quarentena para médicos, Ludhmila avalia que o período deve ser de ao menos 7 dias.
“Temos contato físico muito próximo dos pacientes, o risco de transmissão é alto ainda mais quando se trata da ômicron, que tem uma taxa muito alta de contaminação. Reduzir o tempo de quarentena acho responsável e isso poderá ajudar para cobrir desfalques. Mas ao menos sete dias de afastamento seria prudente.”, disse a médica.