O Vermelho e o Negro: resenha e crítica da obra

O Vermelho e o Negro é um clássico do romantismo francês publicado em 1830 pelo escritor Henri-Marie Beyle, conhecido pelo pseudônimo de Stendhal. É uma obra tida como a precursora do romance realista, mesmo apesar das suas características marcadamente românticas, como a preferência pelo mergulho no universo psicológico dos personagens. Em síntese, o romance trata da odisseia do jovem Julien Sorel, em suas tentativas de galgar posições elevadas dentro da alta sociedade francesa do período que antecede a Revolução de 1830. 

No entanto, para atingir tais posições, será necessário, da sua parte, lançar mão dos artifícios da ganância, hipocrisia, trabalho duro, mentiras, entre outras táticas que, ao final, revelar-se-ão como os instrumentos responsáveis pelo seu próprio fim.

Para muitos, O Vermelho e o Negro pode facilmente constar entre as 10 obras mais importante da literatura mundial de todos os tempos, principalmente por antecipar temáticas (e técnicas literárias) que caracterizariam a literatura 100 anos após a sua publicação.

O Vermelho e o Negro: os meandros da psicologia humana

As singularidades de O Vermelho e o Negro já começam pelo significado do título – um verdadeiro mistério ainda nos dias atuais. Porém, a teoria mais aceita é a de que o “vermelho” seria a cor da antiga farda militar dos franceses, enquanto o “negro” representaria a cor da batina dos eclesiásticos, como uma forma de simbolizar o dilema vivido pelo protagonista: entregar-se ao caráter heroico e mundano da vida militar ou à superioridade vivida nas renúncias da vida eclesiástica.

A aventura de Julien Sorel, simplório filho de um carpinteiro, começa na aldeia (fictícia) de Verriéres, território francês; segue com as suas experiências como tutor dos filhos do Senhor de Rênal; perpassa um período na casa dos de La Mole; até culminar com a sua aceitação no seminário de Besançon.

Mas os seus caminhos ainda se cruzariam com a senhora de Rênal, com a qual mantém uma relação de adultério – como uma das expressões máximas da hipocrisia francesa que Stendhal seria o primeiro a denunciar -,  e com Mathilde de La Mole, a quem engravidaria.

E após uma escalada em busca de uma improvável ascensão à burguesia francesa, que envolveu episódios de adultério, uma tentativa de homicídio (contra a própria senhora de Rênal). Além de mentiras e traições, o jovem Sorel se vê diante da frustração por não ter conseguido ascender à condição tão sonhada. Pois, descobre, às suas próprias custas, que não há ascensão possível em uma sociedade hipócrita e que escolhe os seus “melhores” membros ainda no berço.

 

Daiane Souza

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