A chanceler alemã, Angela Merkel, alertou que a pandemia de Covid-19 pode colocar em risco o progresso feito na igualdade de gênero. Isso porque as mulheres assumem a maior parte dos cuidados infantis no confinamento e são mais propensas a trabalhar em empregos de risco.
“Precisamos ter certeza de que a pandemia não nos levará a voltar aos antigos padrões de gênero que pensávamos ter superado”, disse Merkel em uma mensagem de vídeo antes do Dia Internacional da Mulher, na próxima segunda-feira (8). Segundo a chanceler, as mulheres foram afetadas de forma desproporcional pela pandemia, embora estivessem “sub-representadas” em cargos de tomada de decisão.
“Mais uma vez, as mulheres que precisam dominar o equilíbrio entre educação em casa, creche e seus próprios empregos. As mulheres também superam os homens nas profissões de assistência em um momento em que esses empregos são particularmente desafiadores”, afirmou Merkel.
“Mais de 75% das pessoas que trabalham no setor de saúde são mulheres, de consultórios médicos e hospitais a laboratórios e farmácias”, informou Merkel. No entanto, as mulheres representam apenas 30% dos cargos de gestão nessas áreas.
A legislação recente exige que as empresas alemãs incluam mais mulheres nos conselhos executivos. Mas Merkel disse que ainda deve ser feito mais para apoiar as mulheres, incluindo a expansão de creches e salários iguais. “As mulheres devem finalmente ganhar o mesmo que os homens”, ressaltou.
Igualdade de gênero na União Europeia
A Alemanha tem uma das maiores disparidades salariais de gênero na União Europeia (UE). As alemãs receberam em média 19% menos do que os homens em 2019 – em parte porque muitas trabalham em meio período. A diferença diminui para 6% ao comparar homens e mulheres nos mesmos empregos.
Divulgado no início desta semana, o relatório anual da UE sobre igualdade de gênero apontou que a pandemia “exacerbou as desigualdades existentes entre mulheres e homens em quase todas as áreas da vida”.
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Além do aumento da carga de cuidados infantis com o fechamento de escolas e creches, o estudo indicou que as mulheres também têm maior probabilidade de trabalhar em empregos mal remunerados nos setores de serviços mais afetados pelos fechamentos, deixando-as em maior risco de desemprego.
Conforme o relatório, pode levar “anos, ou mesmo décadas” para superar a desigualdade de gênero causada pela pandemia.