Uma série de mulheres apresentaram denúncias contra uma dentista acusada de enganar e deformar o rosto de pacientes em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. De acordo com as informações, publicadas pelo programa “Fantástico”, no domingo (02), a profissional prometia aplicar uma substância e aplicava outra mais barata.
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Nesta segunda-feira (03), a Polícia Civil revelou, em nota, que são 34 inquéritos contra a dentista Giselle Gomes. Segundo a entidade, as vítimas são mulheres de todo o Estado que relataram problemas após os procedimentos realizados pela acusada.
De acordo com a polícia, somente nesta segunda quatro casos chegaram à 134ª Delegacia de Polícia. Conforme Natália Patrão, delegada adjunta, essas últimas vítimas foram encaminhadas para exame de ultrassom.
“Várias outras vítimas já procuraram a delegacia essa semana. Inclusive nós temos a novidade de um laudo de uma vítima que se submeteu ao procedimento cirúrgico cujo produto utilizado foi o hidrogel industrial, utilizado por indústrias e por agricultores na fabricação de papel, embalagem de alimentos, fabricação de adesivos e outros processos industriais”, disse ainda a delegada.
Procedimentos da dentista
Segundo as investigações, a dentista vendia procedimentos estéticos com ácido hialurônico, mas aplicava o polimetilmetacrilato, também conhecido como PMMA, um preenchedor sintético permanente, uma substância mais barata e mais perigosa.
Ao programa “Fantástico”, a personal trainer Camilla Carvalho contou que virou motivo de piada por conta da sua nova aparência. “Eu passei a ser motivo de chacota. Falavam que minha boca tava igual de pato, que eu fui mordida por uma abelha”, desabafou.
Uma outra vítima também revelou a decepção, relatando ainda que não queira ver mais as pessoas após o procedimento. “Eu não quis ver ninguém, com medo de questionamento: ‘ah, pra quê você foi fazer isso? É tão bonita’. Então, eu preferi me isolar”, disse a cabeleireira Lana Velasco.
Ministério Público denunciou a profissional
Após a repercussão do caso, o Ministério Público denunciou a dentista por lesão corporal gravíssima, estelionato e exercício ilegal da profissão. Além disso, a Justiça suspendeu as redes sociais e afastou Giselle das funções.
De acordo com o promotor Fabiano Rangel, ainda ao “Fantástico”, a dentista substituía produtos químicos para aumentar o seu lucro. “Por conta disso, ela acabou desfigurando seus próprios clientes em razão de ganância”, disse o promotor.
Em nota, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que a decisão sobre a aplicação do PMMA cabe aos conselhos profissionais. Nesse sentido, o Conselho Regional de Odontologia diz que a lei permite que dentistas apliquem o PMMA.
No entanto, como foi denunciada por uma paciente, um processo ético foi instaurado para apurar a conduta da dentista e ela teve sua inscrição suspensa por determinação da vara criminal de Campos.
Sendo assim, no momento, Giselle Gomes não pode então exercer a profissão, tendo seu nome retirado do sistema do Conselho Regional de Odontologia do Rio de Janeiro, que a julgará em breve.
De acordo com Andréa Paes, advogada de 25 vítimas, em primeiro momento, a dentista é amorosa e empática. No entanto, a situação muda radicalmente quando a pessoa volta para revisão e se queixa de alguma coisa. “Ela se transforma numa pessoa grossa, arrogante, debochada”, afirma.
Por fim, a defesa da dentista afirma que ela teve mais de duas mil pacientes e foram poucas as que tiveram problemas por conta dos procedimentos e que os produtos utilizados eram informados aos pacientes.
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