O Ministério Público (MP) do Rio de Janeiro revelou, nesta terça-feira (19), a criação de uma força-tarefa para combater a ocupação irregular por milícias em território fluminense. De acordo com as informações, os promotores responsáveis pelo trabalho terão a incumbência de auxiliar nas investigações e propor medidas para atacar o financiamento das quadrilhas que invadem terrenos e os loteiam.
Em entrevista ao “RJ2”, da “TV Globo”, o procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, afirma que as ações da milícia são um problema que aflige todo o Rio de Janeiro, em especial a Região Metropolitana. “Vários problemas são gerados por esse tipo de desordem urbana, sociais, ambientais e criminais […] O MP vai atuar com várias frentes de trabalho, buscando coibir esse tipo de atividade”, completou.
Ainda de acordo com ele, a exploração ilegal do mercado imobiliário é desenvolvida pelas organizações criminosas que veem neste tipo de crime uma maneira de lucrar e, assim, conseguir financiar o tráfico no Rio de Janeiro. Hoje, de acordo com um levantamento do MP, este tipo de atividade criminosa é mais presente nos seguintes bairros cariocas:
Anil
Bangu
Barra da Guaratiba
Barra da Tijuca
Camorim
Campo dos Afonsos
Campo Grande
Cidade de Deus
Cosmos
Curicica
Deodoro
Freguesia
Gardênia Azul
Gericinó
Grumari
Guaratiba
Inhoaíba
Itanhangá
Jacarepaguá
Jardim Sulacap
Joá
Magalhães Bastos
Paciência
Padre Miguel
Pechincha
Pedra de Guaratiba
Praça Seca
Realengo
Recreio dos Bandeirantes
Santa Cruz
Santíssimo
Senador Camará
Senador Vasconcelos
Sepetiba
Tanque
Taquara
Vargem Grande
Vargem Pequena
Vila Militar
Vila Valqueire
MP detalha os problemas das ocupações
Na ordem da força-tarefa do MP, o órgão afirmou que são diversos os problemas ambientais decorrentes da exploração imobiliária irregular. Dentre os principais, estão a erosão do solo, o assoreamento de cursos de água e a desestabilização da encosta.
“Também constata-se o afugentamento de animais, perda de biodiversidade e material genético, degradação do ecossistema e contaminação dos lençóis freáticos”, diz o despacho do MP, que por fim ainda cita que até mesmo áreas de preservação ambiental se encontram dominados por organizações criminosas que comercializam terrenos no local.
“Como exemplo, tem-se os manguezais de Guaratiba, onde vias foram aterradas, e casas, construídas sem qualquer infraestrutura, gerando prejuízo ao Rio Cabuçu-Piraquê, que recebe o esgoto produzido por essas habitações sem tratamento”, revela o órgão.
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