Nesta terça-feira (18), em entrevista ao portal UOL, o médico sanitarista e fundador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gonzalo Vecina, afirmou que o Ministério da Saúde é responsável pela aplicação em crianças de doses vencidas para adultos da vacina contra Covid-19.
“Esse sujeito [ministro Marcelo Queiroga] é um crápula. O Ministério da Saúde está ausente do processo de vacinação, seis meses sem coordenador do PNI (Plano Nacional de Imunização), não estamos fazendo campanha de vacinação. Essa responsabilidade é exclusiva do Ministério da Saúde”, disse Vecina.
Segundo o ministro Marcelo Queiroga, 48 crianças entre 5 e 11 anos tomaram a dose errada da vacina contra Covid-19 no município de Lucena, na região metropolitana de João Pessoa, na Paraíba. Ao invés de receberem a dose para crianças, os pequenos foram vacinados com doses vencidas do imunizante para adultos, cuja dosagem é três vezes maior que a vacina pediátrica.
Saúde e Anvisa monitoram crianças que receberam doses de adultos
Classificado pelo ministro como um “erro vacinal”, as crianças foram imunizadas antes mesmo da chegada das doses pediátricas à Paraíba. O Ministério Público Federal (MPF) está apurando o que houve, enquanto o Ministério da Saúde e Anvisa monitoram as crianças vacinadas para verificar se ocorrerá algum efeito adverso.
“Todas as crianças, apurei que foram 48, devem ser acompanhadas de perto para detectar possíveis eventos adversos da vacina, sobretudo quando se aplica uma dose mais elevada, três vezes a recomendada para crianças. Essas doses foram aplicadas antes da distribuição das vacinas específicas; isso é considerado erro vacinal. É preciso cuidar para que não haja esse tipo de erro novamente”, declarou Queiroga em entrevista à CNN Brasil.
Em depoimento ao Ministério Público Federal, a técnica de enfermagem responsável pela aplicação da vacina em crianças com a dose para adultos disse que recebeu ordem de imunizar todos que estavam na fila, pois as doses da Pfizer iam vencer.
“A ordem que lhe foi dada foi de que poderia vacinar todos os que estivessem para se vacinar, pois a validade das vacinas da Pfizer estavam para se vencer”, diz o texto do depoimento postado pelo portal G1.