Mil e Uma Noites: Crítica e resenha da obra

O Livro das Mil e Uma Noites é um clássico do mundo Persa. Acredita-se que ele seja na verdade um compilado de histórias colhidas do folclore persa, grego e indiano, traduzido para o árabe por volta do séc IX. Mas as suas reais origens perdem-se no tempo!

A obra é um conjunto de narrativas e contos populares que já foram bastante comuns na região do sul da Ásia e do Médio Oriente, mas o mundo ocidental só passou a ter contato com ela a partir de uma tradução feita do árabe para o francês no início do séc. XVIII pelo pesquisador Antoine Galland.

Resumidamente, ela relata a história do rei Xariar que, após ter quase enlouquecido por conta da traição da sua primeira esposa, decide desposar outras e matá-las ao nascer do dia. Sherazade é uma delas, mas, para salvar a sua vida, resolve lançar mão de um expediente interessantíssimo.

O Livro das Mil e Uma Noites: o simbolismo por trás da narrativa

O expediente utilizado por Sherazade para salvar a sua vida foi narrar uma longa e fascinante história ao rei. No dia seguinte, simplesmente interrompia cada narrativa prometendo recomeçar no outro dia; e assim por diante; mantendo-se viva durante “mil e uma noites” graças à curiosidade do governante sobre o final da história. 

Uma das tentativas (que talvez seja a mais exitosa) de traduzir o simbolismo da obra, é a que a define como um “louvor ao poder da palavra”, que é capaz de condenar ou absorver, a depender da habilidade do falante.

“Nenhuma obra se realiza sem palavras”, alguém diz em um determinado momento da narrativa. “Conte-me a sua história”, ordena o rei. Dessa forma, é possível crer que talvez tenha sido o “poder da palavra” –  e esse mesmo “poder de persuasão” –  o responsável por salvar Sherazade da morte.

E o resultado foi que o rei simplesmente desistiu do intento de matá-la, em uma trama muitas vezes tida como a precursora do realismo mágico ou fantástico na literatura.

Logo, talvez tenhamos aí, expressamente estabelecido, como a força da palavra emerge como o principal personagem da narrativa, em um conjunto de lendas, mitos e histórias populares reunidos em forma de um clássico, como talvez poucas obras conseguiram se lhe comparar ao longo de milênios.