Três médicos que ajudaram a elaborar o dossiê de denúncias contra a Prevent Senior enviado à CPI da Covid mostraram seus rostos e revelaram suas identidades em entrevista ao programa “Fantástico”, da TV Globo, exibido neste domingo (3).
Demitidos pela Prevent entre agosto de 2020 e fevereiro deste ano, Andressa Joppert, George Joppert e Walter Corrêa dizem que não são criminosos por receitarem o “kit covid” quando cumpriam ordens da operadora de saúde, que é acusada de tratar pacientes com medicamentos sem eficácia contra Covid-19 e omitir a doença como causa do óbito de alguns deles, além de conduzir um estudo sem consentimento dos pacientes e ocultar 9 mortes durante tal pesquisa.
“A forma vil, a forma de nos chamar de criminosos… Nós não somos criminosos. Nós não invadimos nada.”, disse George Joppert ao “Fantástico”, em resposta a acusação feita por um dos diretores da empresa, Pedro Batista Jr., sobre a suposta manipulação de dados de uma planilha e invasão do sistema da Prevent Senior.
De acordo com os médicos, a operadora de saúde estipulou uma meta para que os médicos atendessem 60 pacientes em 12 horas, o equivalente a um paciente a cada 12 minutos.
“Infelizmente, eles têm essa política, mas a gente [médicos] sempre tentou fazer com a parte da ética. Eu mesma, por várias vezes, levei bronca por não cumprir a meta.”, revelou Andressa Joppert.
Médicos eram pressionados pela Prevent Senior para receitar o “kit covid”
Obrigados a receitarem o “kit covid” sob risco de serem demitidos, os médicos relatam que indicavam que os pacientes não deveriam tomar os medicamentos.
“Entregava o kit [covid] que já ficava pronto no consultório. Era tudo controlado. Ficava um balde com um monte de saquinhos. Era meio constrangedor, às vezes, entregar as receitas com kits, mas orientava: ‘olha, a gente tem que prescrever. Então você só usa as vitaminas. Não usa a medicação’. Eles estavam de olho em que prescrevia ou não. Era uma coisa que se tinha controle. Então não havia essa autonomia.”, diz Walter Corrêa.
A Prevent Senior continua negando as acusações feitas pelos médicos, que devem depor na CPI da Covid durante a semana.