Mais de 200 marmitas de isopor com areia vermelha foram colocadas em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), no centro de São Paulo, nesta terça-feira (26), em um protesto devido à morte de um jovem negro, que foi executado por policiais civis enquanto almoçava.
A morte de Gabriel Augusto Hoytil Araújo, que tinha 19 anos, aconteceu na semana passada, quando ele foi atingido por três disparos vindos de policiais civis que participavam de uma operação contra o tráfico de drogas na comunidade do Piolho, Zona Sul da cidade.
De acordo com informações do jornal “Folha de S.Paulo”, o ato, intitulado “Era um marmita – Justiça por Gabriel”, foi organizado pelo Rio de Paz e pelo Mochileiros de Cristo no Masp, que fica na Avenida Paulista, um dos locais mais movimentados da cidade.
Ainda conforme o jornal, estiveram na manifestação cerca de 15 pessoas. Uma dessas era Fabiana Hoytil da Silva, de 41 anos, mãe de Gabriel. A mulher precisou deixar o local porque começou a passar mal por conta do nervosismo. Ela foi encaminhada ao Hospital das Clínicas da capital, medicada e liberada na sequência.
Antes disso, no entanto, a mãe do jovem revelou que seu filho foi morto porque os agentes pensavam que a marmita que a vítima segurava era, na verdade, uma arma de fogo. Ainda conforme ela, Gabriel não morava no local onde foi morto e só estava se alimentando depois te ter trabalhado vendendo água para motoristas em uma rua próxima ao local da fatalidade.
“Como confunde uma marmita com um revólver?”, questionou a mãe, que completa dizendo que seu filho não deveria ter morrido daquele jeito. “Nem chegou a comer a marmita. Atiraram no meu filho sem defesa para ele. Não perguntaram nada. Me disseram que os policiais confundiram uma marmita com um revólver e atiraram. Que mundo é esse que matam primeiro para depois perguntar?”, desabafou.
Segundo ela, o ato de levar uma marmita com areia vermelha tem o objetivo de simbolizar o sangue de seu filho, visto que ele estava com a marmita no momento em que foi morto. “É simbolizando uma marmita com sangue. O número de marmitas é para trazer esse impacto do que foi esse crime”, afirmou ela.
Versão dos policiais
Em nota, a Polícia Civil afirmou que dois dos seis agentes que estiveram na operação disseram, em um primeiro momento, que dispararam contra Gabriel porque viram o jovem traficando e ameaçando atirar com uma arma. Todavia, em uma segunda oportunidade, eles relataram que a arma que estava com o jovem era de brinquedo.
Do outro lado da história está a família da Gabriel, que, além de informar que o jovem tinha problemas intelectuais, revelou que ele não estava armado e nem era envolvido com entorpecentes.
Por fim, a Polícia Civil relatou que a Corregedoria da corporação já está apurando a conduta dos agentes na ocorrência que resultou na morte de Gabriel. Além da entidade, a Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio também está envolvida no caso. A rede acompanha o caso defendendo os interesses dos familiares do jovem.
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