Uma decisão da Justiça Federal culminou no afastamento de 85 servidores do Departamento de Trânsito (Detran) do estado de São Paulo. De acordo com a Polícia Federal (PF), esses afastamentos acontecem porque os agentes públicos são acusados de estarem envolvidos em um esquema de fraudes de documentos de veículos.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (25), a corporação revelou que o esquema movimentou cerca de R$ 500 milhões e os investigados trabalham em 20 unidades do Detran do estado de São Paulo.
Ainda conforme a entidade, a ação foi deflagrada na quinta-feira (24) e contou com 400 agentes da PF e também da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Esses policiais cumpriram 11 mandados de busca e apreensão e ainda prenderam cinco pessoas. Isso, em 11 estados.
As investigações da PF
De acordo com a Polícia Federal, as investigações sobre o caso começaram em 2020, quando foram identificados pelo menos dez mil automóveis com placas e documentos falsos. Durante a ação, os agentes apreenderam carros de luxo e quase um milhão em dinheiro vivo.
Para cometer os crimes, o grupo criminoso falsificava o registro de carros. Para isso, servidores do Detran e de despachantes foram recrutados para o bando. “A investigação também revelou que os criminosos usaram o número dos chassis de mais de três mil carros oficiais do Exército para usar nos veículos”, informou a entidade, explicando que os papéis eram falsificados e, logo depois, os carros poderiam rodar tranquilamente pelas ruas.
Além das falsificações, os bandidos também usavam os documentos e registravam veículos que não existiam para colocarem como garantia em financiamentos e, depois disso, eles ficarem somente com o dinheiro.
Segundo Elmer Vicenzi, delegado responsável pela ação, existem servidores com até 70 inserções de dados falsos. Segundo ele, isso indica uma participação pesada dos agentes públicos no esquema. Por fim, o delegado conta que os envolvidos nos crimes podem responder por uso de dados falsos, lavagem de dinheiro, sonegação tributária e organização criminosa.
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