De acordo com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) precisará “pagar pela declaração” associando a vacina da Covid-19 com casos de AIDS.
“Se não tiver nenhuma base científica para isso, ele vai pagar pela declaração. Espero que não tenha”, disse Lira em evento do setor sucroalcooleiro.
Após a declaração, no domingo (24), pela primeira vez o Facebook tirou do ar uma live de Bolsonaro. Durante a transmissão ocorrida na quinta-feira (21), o presidente citou uma notícia falsa que relacionava casos de AIDS no Reino Unido com a vacina contra a Covid-19.
O governo britânico já desmentiu Bolsonaro, afirmando que a notícia falsa lida pelo presidente havia sido postada em um site conhecido por divulgar conteúdos falsos e teorias da conspiração.
A Sociedade Brasileira de Infectologia também se manifestou sobre o caso e disse que “não se conhece nenhuma relação entre qualquer vacina contra a COVID-19 e o desenvolvimento de síndrome da imunodeficiência adquirida”.
Para Arthur Lira, o caso é “mais um motivo para acelerar na Câmara o grupo que trata de gestão dos meios eletrônicos com relação a fake news”. De acordo com ele, na semana passada houve uma reunião com o relator do projeto de lei das fake news, Orlando Silva (PCdoB-SP), e que o assunto deve voltar a ser tratado em breve.
Lira quer verificar o teor do texto do projeto de Silva e votá-lo, para obter “um regramento principalmente nas bases de veículos de comunicação como Facebook, Instagram, Twitter, e todos os meios necessários para a contenção de matérias como essa”.
Políticos repercutem fala de Bolsonaro sobre vacina da Covid-19 e AIDS
Nesta segunda-feira (25), Bolsonaro responsabilizou a imprensa pela mentira que ele mesmo divulgou, mas não corrigiu as declarações feitas durante a live da última quinta (21).
Além de Lira, outros políticos expressaram suas opiniões sobre o fato de Bolsonaro associar a vacina da Covid-19 com casos de AIDS. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), classificou a frase como criminosa e disse que o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, foi banido das redes sociais por menos.
O deputado federal Marcelo Freixo (PSB) afirmou que a associação de Bolsonaro gera desconfiança e coloca a vida da população em risco.
“Associar de forma falsa a vacina à AIDS gera desconfiança sobre a imunização e coloca a vida das pessoas em risco. Não estamos falando de liberdade de expressão, mas de crime contra a saúde pública. O Facebook e Instagram estão corretos ao derrubar a live de Bolsonaro.”, postou Freixo no Twitter.