Nesta quarta-feira (29), a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) disse ter lembrado dos campos de concentração nazistas ao ouvir o depoimento da advogada Bruna Morato à CPI da Covid sobre as denúncias de médicos contra a Prevent Senior. A empresa é suspeita de usar medicamentos sem eficácia contra a Covid-19 e conduzir um estudo sem consentimento dos pacientes.
“Nem um outro dia para mim foi tão estarrecedor, do ponto de vista de informações, como foi ontem. Lembrei dos campos de concentração nazistas, aqueles experimentos mais bizarros possíveis com cobaias humanas”, afirmou a senadora em entrevista ao portal UOL.
A senadora avalia que houve “claramente crime contra a saúde pública e a humanidade” por parte da Prevent Senior, novo alvo da CPI da Covid.
“Alguém chega no hospital com a covid, um vírus terrível, que há todo um critério e um cuidado, com orientação minuciosa, fruto de estudos intensos, de pesquisadores de todo o mundo, e, de repente, aqui no Brasil, em uma rede de planos de saúde se busca, por exemplo, hidroxicloroquina como alguma coisa que vai dar esperança de vida a essas pessoas e se tenta criar uma imagem que não existe”, disse a parlamentar.
Senadora diz que médicos da Prevent Senior colaboram com a CPI
A advogada Bruna Morato representou um grupo de médicos e ex-médicos que denuciaram a Prevent Senior. Por medo de retaliação, os profissionais preferem não aparecer publicamente, o que a senadora Eliziane Gama compreende.
“É uma decisão deles em relação à defesa da própria vida. Há um temor muito grande em relação à perseguição. A advogada teve o apartamento invadido, é ameaçada de morte com frequência. Até solicitamos o apoio da CPI em relação a ela. Ela é uma menina jovem, braba, determinada, mas tem toda uma situação também de muitas ameaças em torno dela, da mesma forma os demais médicos”, disse a senadora.
Mesmo não aparecendo publicamente para depor na CPI da Covid, os médicos da Prevent Senior estão enviando informações aos senadores, segundo Eliziane, que avalia que o relatório final da Comissão deverá pedir o indiciamento dos gestores da operadora de saúde.
“Se eles (os médicos) não se dispuserem a conversar de forma aberta com a CPI, é claro que a gente respeita. A decisão deles é individual. Agora, o nível de informações que eles estão passando para a gente é muito importante, porque a gente vai proceder imediatamente o indiciamento dos diretores”, afirmou.