Um laudo realizado por uma equipe multidisciplinar do Centro de Atendimento Socioeducativo Feminino de Cuiabá, no Mato Grosso, recomendou que a adolescente acusada de ter atirado e matado a amiga Isabele Ramos Guimarães, de 14 anos, seja liberada da internação.
De acordo com informações da “TV Globo”, o laudo, concluído na quarta-feira (19), exatamente um ano após a adolescente ir para a unidade, foi encaminhado ao Ministério Público (MP), que deve dar um parecer e, depois disso, caberá à Justiça decidir ou não pela liberação da jovem.
A pena da adolescente é revista e pode ser renovada a cada seis meses, sendo que o limite máximo para ela permanecer na unidade é três anos. No laudo finalizado nesta quarta, revelou a emissora carioca, psicólogos e psiquiatras afirmam que a jovem, hoje com 16 anos, está saudável, tem comportamentos sociais adequados, específicos da adolescência e vínculos com os familiares.
Não suficiente, o documento também afirma que a adolescente tem cumprido metas estabelecidas para o desenvolvimento da sua medida socioeducativa, mas “as deficiências físicas, materiais e de profissionais especializados da unidade não dão condições adequadas ao atendimento das demandas da adolescente para dar continuidade ao seu desenvolvimento”.
Em suas avaliações, os profissionais ressaltaram que a Gerência da Unidade e Superintendência do Sistema Socioeducativo não permite que as adolescentes da unidade participassem de cursos, fazendo com que a internação não ajude no desenvolvimento da garota, indo de encontro com a proposta de ressocialização plena da jovem.
Essa foi o segundo laudo em que os profissionais opinam pela soltura da jovem. Da primeira vez, a decisão não foi levada em consideração pelo juiz Túlio Duailibi Alves Souza, da 2ª Vara Especializada da Infância e Juventude de Cuiabá, que optou por manter a adolescente na unidade.
O caso de Isabele Guimarães
Isabele Guimarães morreu em julho de 2020 ao ser atingida pelo disparo de uma arma de fogo feito pela amiga. Segundo os investigadores, a bala entrou pela narina e saiu pela cabeça – a vítima foi encontrada no banheiro da casa.
A jovem que efetuou o disparo chegou a ser apreendida dois meses após o crime, mas foi solta oito horas após a internação. À época, ela disse que efetuou o disparo acidental contra a colega, o que vai de encontro com a decisão da juíza que a condenou por homicídio doloso.
Além disso, informações do laudo da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) corroboram para a qualificação de crime doloso, visto que o documento apontou que a pessoa que matou Isabele estava com a arma apontada para o rosto da vítima, a uma distância que pode variar entre 20 e 30 cm, e a 1,44 m de altura.
Após o crime, o pai da garota que efetuou o disparo, que é atirador esportivo, foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo de uso permitido. Ele foi autuado pelo crime após ser conduzido à delegacia, mas foi liberado ao pagar fiança.
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