O jovem Antônio Augusto Rosa, de 20 anos, precisou ir até uma delegacia para denunciar que uma página no Facebook com mais de 54 mil seguidores está associando ele a um furto de celular registrado em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.
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Em uma das mensagens compartilhadas na página, o rapaz é chamado de “ladrão”. Segundo Antônio, em entrevista à “TV Globo” nesta quinta-feira (03), ele procurou a polícia assim que ele soube da publicação para registrar um boletim de ocorrência por calúnia.
Na entrevista, ele afirmou acreditar que tudo isso está acontecendo por um motivo: sua cor. “Eu vi minha mãe passando mal de nervoso porque ela ficou muito assustada. Minha irmã também, por uma coisa que eu não cometi, que um cara simplesmente coloca na rede social afirmando que fiz uma coisa dessas”, desabafou.
Segundo o boletim de ocorrência do caso, as imagens em que o jovem aparece caminhando foram feitas no último dia 05 de janeiro. De acordo com colaboradores da loja de celulares, um rapaz de blusa preta e calça jeans entrou na loja, pegou os aparelhos e correu.
Quando analisaram as imagens das câmeras de segurança do entorno da loja, os funcionários do estabelecimento afirmaram ter sido Antônio o rapaz que cometeu o crime e, por isso, resolveram postar sua foto na internet.
De acordo com o jovem, no dia do fato, ele saiu de um curso de Jovem Aprendiz e passou em frente à loja, mas sem furtar nada. Depois disso, ele ficou na região por volta de 40 minutos esperando um ônibus para ir até a casa da avó da namorada.
Conforme ele aponta, foi naquele mesmo dia que ele passou a receber mensagens e ligações de parentes e pessoas próximas afirmando que uma página no Facebook estava o acusando de ter furtado os celulares.
Jovem vai processar o autor da postagem
De acordo com o jovem, que nunca foi preso, ele, que sofreu ameaças após a postagem e agora está com medo de passar pelo local, contratou um advogado que tentará responsabilizar o autor da postagem judicialmente.
Segundo Gilberto Silva, defensor de Antônio, o caso em questão se trata de calúnia, registrado quando alguém imputa um crime a uma pessoa sem ela ter cometido e também injúria, pois, de acordo com ele, o jovem foi vítima de racismo estrutural.
“Estamos também vendo a questão desse racismo estrutural, por ser um rapaz negro, que estava nesse local, passando num momento de chuva, e aí tem a imagem dele vinculada a um crime. É a história do Brasil, onde as pessoas negras normalmente são tratadas como criminosas”, disse.
Em nota, a Polícia Civil afirmou que o caso do jovem foi repassado ao Juizado Especial Criminal, pois se trata de um crime contra a honra. Por fim, a entidade informou que o verdadeiro suspeito já foi identificado, mas sem revelar se ele foi preso ou não.
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