A Justiça determinou que Bolívar Guerrero Silva, médico acusado de ter mantido uma paciente em cárcere privado na unidade de saúde que ele é sócio em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, deverá permanecer na cadeia. A decisão, anunciada na noite de terça-feira (19), foi tomada pelo Tribunal de Justiça (TJ) do estado carioca.
Durante a audiência de custódia, presidida pela juíza Daniele Lima Pires Barbosa, a defesa do médico acusado de ter mantido Daian Chaves Cavalcanti, uma mulher de 36 anos, presa em sua clínica, pediu que a prisão do profissional fosse revogada. Por outro lado, o Ministério Público (MP) opinou pela manutenção da medida.
Em resposta, a juíza do caso afirmou que o “mandado de prisão está dentro do prazo de validade e a decisão que gerou sua expedição não foi revogada pelo juízo natural, não se tendo notícias de que tenha sido alterada por decisão recursal”. “Assim, indefiro o pedido defensivo, o que poderá ser reapreciado a critério do juízo natural”, escreveu Daniele Barbosa em sua decisão.
A prisão do médico
Bolivar Silva foi preso na segunda-feira (18). Na ocasião, ele estava dentro do centro cirúrgico do Hospital Santa Branca, no Rio de Janeiro. De acordo com as investigações, ele teria deixado sua paciente em cárcere depois que ela teve complicações após realizar um procedimento de abdominoplastia.
Conforme as diligências, a vítima, que está internada em estado grave desde junho deste ano, tentou ser transferida de hospital, mas acabou sendo barrada pelo cirurgião, que nega todas as acusações contra ele. Apesar do estado delicado, Daian Chaves Cavalcanti contou para os investigadores suas atuais condições.
Segundo a mulher, seu “peito está todo necrosado” e ela, que está com um “buraco na barriga”, não consegue mais ver seu umbigo. “Meu peito está todo necrosado. Eu tô com buraco na barriga. Dois! Eu não vejo meu umbigo. […] o médico falava que não era para eu contar para ninguém que eu estava assim. Não era para eu contar para minha família”, disse.
Ainda conforme a vítima, que teve suas falas reveladas pelo jornal “O Globo”, ela só podia ficar trancada no quarto. “Não podia andar no corredor, não podia fazer nada. Só ficar trancada no quarto que eu estava. Meu sentimento é de apavoramento, de dor, de angústia, de querer ir embora, de sair daqui”, revelou ela.
Leia também: Médico é preso acusado de estuprar paciente que passava por cesárea no Rio