O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), em sua proposta de relatório, afirma que o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “assentiu com a morte de brasileiros e brasileiras” ao promover a disseminação da Covid-19 na tentativa de atingir a chamada “imunidade de rebanho”.
De acordo com o documento, Bolsonaro e seus ministros, além dos integrantes do “gabinete paralelo”, trabalharam para que a Covid-19 se propagasse em meio à população e, portanto, têm responsabilidade direta pelas mais de 600 mil vidas perdidas em decorrência da Covid-19 no Brasil.
“Com esse comportamento o governo federal, que tinha o dever legal de agir, assentiu com a morte de brasileiras e brasileiros”, aponta Renan em seu relatório, que será apresentado aos demais senadores da CPI na noite de hoje em um jantar na casa de Tasso Jereissati (PSDB-CE).
“Após quase seis meses de intensos trabalhos, esta Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia colheu elementos de prova que demonstraram sobejamente que o governo federal foi omisso e optou por agir de forma não técnica e desidiosa no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, expondo deliberadamente a população a risco concreto de infecção em massa”, diz o texto.
Relatório da CPI da Covid pede indiciamento de 72 pessoas
De acordo com o relatório proposto por Renan, “comprovaram-se a existência de um gabinete paralelo, a intenção de imunizar a população por meio da contaminação natural, a priorização de um tratamento precoce sem amparo científico de eficácia, o desestímulo ao uso de medidas não farmacológicas. Paralelamente, houve deliberado atraso na aquisição de imunizantes, em evidente descaso com a vida das pessoas”.
No total, o documento pede o indiciamento de 72 pessoas por diversos crimes que teriam sido cometidos durante a pandemia de Covid-19. O presidente Bolsonaro é acusado de ter cometido 11 crimes, porém, diz não estar preocupado com a CPI.
“Visando ao atingimento da imunidade de rebanho pela contaminação, o governo federal, em particular o presidente Jair Messias Bolsonaro, com o uso da máquina pública, de maneira frequente e reiterada, estimulou a população brasileira a seguir normalmente com sua rotina, sem alertar para as cautelas necessárias, apesar de toda a informação disponível apontando o alto risco dessa estratégia”, afirma Renan. “A ênfase do governo foi em proteger e preservar a economia, bem como em incentivar a manutenção das atividades comerciais, inclusive, com propaganda oficial apregoando que o Brasil não poderia parar”, diz trecho do relatório da CPI da Covid sugerido por Renan Calheiros.