Nos últimos dias, diversas prefeituras brasileiras divulgaram comunicados sobre um novo golpe do Bolsa Família. Os estelionatários se fazem passar por agentes públicos, cobram supostas taxas de “atualização do CadÚnico” e prometem valores retroativos que jamais são depositados. Para evitar prejuízos, entender o modus operandi dos criminosos é o primeiro passo. A seguir, reunimos as orientações mais recentes das secretarias de assistência social, do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e da Caixa Econômica Federal para que você mantenha seu benefício seguro.
Entenda como o golpe do Bolsa Família é aplicado
O golpe do Bolsa Família ocorre, principalmente, por WhatsApp, ligações telefônicas e visitas domiciliares. Os golpistas usam uniformes falsos, logotipos do governo e perfis com fotos da Prefeitura para dar aparência legítima.
- Envio de links que prometem “atualização imediata” do CadÚnico;
- Solicitação de documentos pessoais via mensagem ou formulário on-line;
- Cobrança de taxas, alegando necessidade de regularização;
- Agendamento de visitas para “confirmar dados” e recolher cartões.
Ao clicar nos links ou fornecer informações, a vítima entrega dados sensíveis, permitindo desde saques indevidos a contratação de empréstimos consignados sem autorização. Nas visitas domiciliares, há casos de retenção do cartão Caixa Tem e exigência de senha. Segundo boletim da Polícia Civil do Paraná, as principais vítimas têm mais de 55 anos e moram em regiões periféricas.
O que dizem a Prefeitura e o Ministério do Desenvolvimento Social
Em nota oficial, a Prefeitura de São Miguel do Oeste (SC) alertou que “nenhum servidor exige pagamento para cadastrar, atualizar ou manter o Bolsa Família”. Outras capitais, como Salvador e Belém, replicaram avisos semelhantes. O MDS reforça:
“Todos os serviços do Bolsa Família e da rede SUAS são gratuitos. Qualquer cobrança configura crime e deve ser denunciada imediatamente.” — MDS, 10/05/2024
A Caixa Econômica Federal também esclarece que não envia links para desbloqueio de cartões por SMS ou aplicativos. A comunicação oficial é feita apenas pelo Caixa Tem e pelo 111, número que funciona 24 h para dúvidas sobre benefícios sociais.
Canais oficiais do Bolsa Família e CadÚnico
Para atualizar dados ou tirar dúvidas, utilize apenas estes canais:
- Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do seu município;
- Aplicativos Caixa Tem e Bolsa Família disponíveis nas lojas oficiais;
- Telefones 121 (MDS) ou 111 (Caixa), chamados gratuitos;
- Site gov.br/bolsafamilia;
- Prefeitura ou Secretaria Municipal de Assistência Social, presencialmente.
Qualquer endereço eletrônico que peça complemento bancário, foto do cartão ou pagamento de taxas está fora da lista oficial e deve ser ignorado.
Como identificar mensagens suspeitas
A equipe técnica do MDS sinaliza quatro indícios comuns em tentativas de fraude:
- Urgência injustificada: frases como “última chance” ou “prazo de 24 h”.
- Erros de ortografia: nomes de ministérios ou órgãos escritos de forma incorreta.
- Solicitação de pagamento: boletos ou PIX em nome de pessoa física.
- Links encurtados: endereços que não terminam em “.gov.br” ou “caixa.gov.br”.
Se você recebeu qualquer uma dessas mensagens, não clique nos links, não compartilhe e tire um print como prova para anexar à denúncia.
Passo a passo para se proteger e denunciar
Proteção começa com informação. Veja como proceder:
- Desconfie de visitas inesperadas. Servidores só vão às casas com agendamento prévio e crachá emitido pela Prefeitura.
- Não entregue seu cartão. Nenhum funcionário público pode reter cartões ou pedir senha.
- Atualize dados no CRAS. Faça a cada 24 meses ou sempre que houver mudança de endereço, renda ou composição familiar.
- Ative a verificação em duas etapas no aplicativo Caixa Tem para evitar invasões.
- Denuncie:
- Disque 121 (Ouvidoria do MDS);
- App Direitos Humanos Brasil (menu “Denúncias”);
- Delegacia de Polícia Civil mais próxima.
Ao registrar boletim de ocorrência, apresente capturas de tela, números de telefone e qualquer dado usado pelos golpistas. Essas informações ajudam a polícia a rastrear o esquema.
O que fazer se você caiu no golpe
Perdeu dinheiro ou teve o benefício bloqueado? Siga estas orientações:
- Procure a agência da Caixa onde saca o benefício, solicite análise de movimentação suspeita e peça novo cartão.
- Compareça ao CRAS com documentos pessoais para confirmar seus dados e solicitar desbloqueio.
- Altere imediatamente a senha do Caixa Tem e verifique se há empréstimos consignados não reconhecidos.
- Guarde todos os comprovantes para eventual ação judicial de ressarcimento.
Na maioria dos casos, a Caixa consegue estornar valores sacados irregularmente se a fraude for comunicada em até 48 horas. Ficar atento ao extrato no aplicativo é, portanto, essencial.
Educação financeira e cidadã: arma contra novas fraudes
Especialistas em segurança digital recomendam que beneficiários participem de palestras gratuitas oferecidas nos CRAS sobre proteção de dados. Essas ações ensinam como criar senhas fortes, reconhecer páginas falsas e usar o Pix com segurança. A Prefeitura de Aracaju, por exemplo, registrou queda de 37% nas fraudes após implementar oficinas mensais de alfabetização digital para famílias do programa.
Manter-se informado, usar apenas canais oficiais e compartilhar alertas com amigos e parentes são atitudes simples que evitam que o golpe do Bolsa Família se espalhe. Lembre-se: benefício social é direito garantido por lei, totalmente gratuito e protegido por sigilo. Se algo soar suspeito, a melhor decisão é parar, conferir as informações e denunciar. Sua atenção é a chave para preservar a renda da família e ajudar outras pessoas a não caírem na mesma armadilha.












