Você já imaginou cozinhar todos os dias sem se preocupar com o preço do botijão? Essa é a realidade de milhões de brasileiros após a criação do Gás do Povo. Lançado em setembro de 2025, o programa social garante gás de cozinha gratuito para famílias em vulnerabilidade e rapidamente ultrapassou fronteiras: hoje mais de 60 nações avaliam copiar o modelo. Além de aliviar o bolso de quem antes dependia de lenha ou carvão, a iniciativa fortalece a segurança alimentar, reduz emissões e amplia a inclusão energética no país.
Como nasceu o Gás do Povo e quais metas já alcançou
A origem do Gás do Povo está no combate à pobreza energética e ao desmatamento. Em 2025, o governo federal apostou na estrutura robusta do mercado de GLP — presente em 91% dos lares — para oferecer botijões de forma gratuita. A proposta é atender 17 milhões de famílias até o fim de 2026, beneficiando cerca de 50 milhões de pessoas. Para viabilizar o plano, a Lei Orçamentária reservou R$ 3,57 bilhões em 2025 e R$ 5,1 bilhões em 2026, montantes que cobrem a compra dos botijões e o acompanhamento digital da distribuição.
Em apenas três meses de operação — a retirada começou em novembro de 2025 — mais de 4 milhões de famílias já tinham obtido ao menos um botijão. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a adesão superou expectativas nos estados do Norte e Nordeste, regiões onde o uso de lenha era mais comum.
Critérios para receber o benefício e como é feita a distribuição
O Gás do Povo atende famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) com renda de até meio salário mínimo por pessoa, com prioridade para quem já recebe Bolsa Família. A quantidade anual varia conforme o tamanho do domicílio:
- 2 pessoas: até 3 botijões
- 3 pessoas: até 4 botijões
- 4 ou mais pessoas: até 6 botijões
O processo de retirada é simples: o beneficiário recebe notificação no aplicativo oficial, apresenta QR Code na revenda credenciada e leva o botijão sem custo.
Quem preferir receber em casa paga apenas o frete, mantendo a gratuidade do gás e evitando fraudes. Toda a operação é monitorada em tempo real, integrando aplicativo, Cartão do Bolsa Família e terminais das 59 mil revendas autorizadas.
Impactos sociais imediatos: menos pobreza energética, mais saúde
Substituir lenha e carvão por GLP gera alívio direto no orçamento e melhora a qualidade de vida. Estudos da Fundação Oswaldo Cruz mostram que a fumaça da queima de madeira aumenta problemas respiratórios, sobretudo entre mulheres e crianças. Desde o início do Gás do Povo, unidades básicas de saúde em municípios do semiárido já relatam queda de 18% em casos de bronquite infantil.
Além disso, o programa amplia o tempo produtivo das famílias: sem precisar coletar lenha, muitas mulheres conseguem dedicar horas a estudos ou empregos informais. A economia média por domicílio chega a R$ 110 mensais, valor que pode ser destinado a alimentos ou educação, reforçando o ciclo de inclusão social.
Benefícios ambientais e alinhamento aos Objetivos da ONU
A agenda climática também ganha força com o Gás do Povo. A Organização das Nações Unidas estima que a queima de biomassa domiciliar responda por 25% das emissões globais de carbono negro. Ao migrar para GLP, o Brasil corta emissões de CO₂ e reduz a pressão sobre florestas.
O ministério do Meio Ambiente calcula que, até 2026, o programa evite o consumo de 3,2 milhões de toneladas de lenha. Essa redução contribui diretamente para o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 7 (energia limpa e acessível) e reforça a posição do país em fóruns climáticos.
Interesse internacional e exportação de know-how brasileiro
Durante a abertura da Liquid Gas Week 2025, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, celebrou a repercussão global:
“O Gás do Povo prova que é possível aliar justiça social, saúde e sustentabilidade. Mais de 60 países já solicitaram apoio técnico para replicar o modelo.”
Nações da África, da América Latina e do Sudeste Asiático veem no programa uma solução para desafios comuns: uso intensivo de combustíveis poluentes e dificuldade de acesso a energia moderna em áreas rurais. Técnicos da EPE já treinam equipes estrangeiras em logística, monitoramento digital e regulamentação. Essa cooperação projeta o Brasil como referência em políticas de gás de cozinha gratuito e fortalece a diplomacia energética.
Desafios de expansão e próximos passos até 2026
Apesar do sucesso inicial, o Gás do Povo enfrenta três grandes desafios:
- Garantir orçamento compatível com a demanda crescente sem desequilibrar as contas públicas.
- Manter a integridade do sistema, evitando fraudes por meio de auditorias independentes e cruzamento de dados.
- Atualizar a infraestrutura logística, ampliando a capacidade de envase e armazenamento em estados mais remotos.
Para 2026, o governo planeja integrar medidores inteligentes que indiquem o peso do botijão na retirada, aumentando a transparência. Há também estudos para incluir fogões de alta eficiência no pacote, reduzindo ainda mais o consumo de GLP por refeição.
Se os cronogramas forem mantidos, o Gás do Povo não apenas consolidará o direito à energia limpa no Brasil, mas também servirá de roteiro para outras políticas sociais no mundo, unindo inclusão, saúde e preservação ambiental.












