Amigo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) há 40 anos, o ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF) disse que se afastou do presidente após perder a esposa Mirta, 56 anos, em decorrência da Covid-19.
A declaração foi dada em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, quando Fraga revelou que bloqueou Bolsonaro no Whatsapp e afirmou não entender “essa falta de sensibilidade do presidente com relação à morte das pessoas”.
A amizade dos dois vem desde os anos 1980, quando ambos frequentaram a Escola de Educação Física do Exército, no Rio de Janeiro. Desde então, os dois foram deputados e, quando Bolsonaro foi eleito presidente, eles se encontravam com frequência no Palácio da Alvorada.
Fraga disse que ele e a esposa foram infectados pelo novo coronavírus e tiveram que ser internados. “Ela teve pneumonia viral. Ficou 73 dias internada e veio a óbito em virtude de o pulmão não ter se recuperado. O sentimento mais comum de todos nós que passamos uma situação dessa é que gostaríamos de ter tido a vacina o mais rápido possível. E a gente sabe que a vacina foi politizada. Esse foi o grande problema. Enquanto se disputava politicamente quem era o pai da criança, a população ficou sem vacina. Com isso, evidentemente muitas pessoas vieram a óbito porque não tiveram a oportunidade de se vacinar”, afirmou.
Bolsonaro não quis dar o braço a torcer sobre vacinas contra Covid-19
Na avaliação do ex-deputado, quando Bolsonaro percebeu que as vacinas contra Covid-19 eram necessárias, o presidente “não quis dar o braço a torcer porque o mérito ficaria para o Doria [governador de São Paulo]“.
Segundo Fraga, a questão da vacina era um dos pontos de discórdia entre ele e Bolsonaro. “Eu disse algumas vezes que a economia se recuperava. As vidas não. Isso fez com que, em diversas situações, eu fosse me decepcionando com algumas posturas. Eu não consigo entender essa falta de sensibilidade do presidente com relação à morte das pessoas”, disse Alberto Fraga.
O afastamento por parte de Fraga ocorreu quando ele e a esposa ainda estavam internados. No entanto, o ex-deputado afirma não culpar o presidente pela morte de Mirta.
“Em hipótese alguma eu posso culpar o presidente pela morte da minha mulher. Nunca insinuei isso, mas achei por bem me afastar, não romper. Sempre fui amigo do Jair Messias Bolsonaro. Nunca fui amigo do presidente”, afirmou.