Recentemente, 24 jogadoras de futebol da Venezuela, incluindo a famosa artilheira Deyna Castellanos, se reuniram para acusar o ex-técnico da seleção de base, o panamenho Kenneth Zseremeta, de abuso sexual. Os relatos vão sendo contados pelas vítimas com o passar do tempo, à medida que se sentem confortáveis para tal.
No ano passado foi a vez de uma das jogadoras que contou que o abuso sexual começou quando ela tinha 14 anos de idade. A vítima não quis ter a identidade revelada. A atacante conta que essa confissão foi o ponto de partida para o que desencadeou em uma série de relatos de companheiras de futebol.
As jogadoras relataram perguntas e convites inadequados, subornos para mantê-las na seleção, presentes fora de contexto, massagens e diversas outras situações fora do comum. O ex-técnico Zseremeta foi responsável por liderar várias seleções de base do futebol feminino entre 2008 a 2017. Neste período, a Venezuela conquistou o Campeonato Sul-Americano Sub-17 duas vezes, além de se classificar três vezes para a Copa do Mundo nas seguintes categorias:
- Trinidad e Tobago – 2010;
- Costa Rica – 2013;
- Jordânia – 2015.
Mesmo após tantos anos em serviço à frente da seleção feminina venezuelana, esta é a primeira denúncia de abuso sexual contra o ex-técnico. De acordo com a jogadora, a decisão de denunciá-lo foi tomada com o propósito de evitar novas situações de abuso e assédio, físico, psicológico e sexual pelo técnico de futebol Kenneth Zseremeta e qualquer outro que intencione fazer novas vítimas no universo do futebol feminino.
Em documento oficial, as jogadoras denunciaram que em diversas ocasiões de abuso, houve o apoio de membros da comissão técnica. “As insinuações sexuais eram temas do dia-a-dia, assim como os comentários sobre a atratividade física de muitas de nossas jogadoras”, contou a jogadora.
Na oportunidade, o procurador-geral da Venezuela, Terejk Saab anunciou ter iniciado uma investigação contra o ex-técnico de 55 anos de idade. Para as jogadoras vítimas de abuso sexual, um determinada companheira de time sofreu constantemente com as investidas do ex-técnico até a demissão do mesmo no ano de 2017. Elas a retrataram como a sobrevivente de um monstro que foi além do plano sexual.
Relatos alegam que a jogadora vivia em um ambiente de assédios constantes, mas que mesmo assim preferiu não se pronunciar durante todo esse tempo devido ao fato de que o ex-técnico frequentava a casa dela e tinha o poder de influenciar e manipular os pais. As investidas do ex-técnico giravam em torno das dificuldades financeiras enfrentadas pela família.
Por fim, a jogadora declarou ter clamado pelo apoio da Fifa, Confederações, Federações e Ligas, para que não permitam mais a atuação deste treinador no futebol feminino. Após deixar a seleção de futebol feminino da Venezuela, o técnico trabalhou na República Dominicana e no país natal dele, o Panamá.