Escassez de trigo pode deixar o pão mais caro

Com a Rússia e a Ucrânia, dois dos principais produtores e exportadores de trigo do mundo em guerra, os preços do pão nas padarias e dos alimentos dependentes de cereais em sua produção devem subir devido à alta dependência do Brasil na importação.

Quanto vai subir?

Isso é incerto, dependendo da duração do conflito no Leste Europeu e de fatores como o comportamento do dólar. O Brasil é um dos maiores importadores de trigo do mundo, tendo que buscar  60% do que consome em outros países, principalmente na Argentina, segundo a Abitrigo (Associação Brasileira das Indústrias de Trigo).

Com isso, qualquer conflito envolvendo gigantes do setor, como é o caso de russos e ucranianos, abala o mercado. Este ano, os embarques para o Brasil somaram 6,5 milhões de toneladas, sendo 85% provenientes da Argentina.

Possível escassez de trigo na Argentina

A expectativa é que os argentinos aumentem o preço, influenciados pelo mercado internacional e pelo aumento da demanda, provocado pela saída da Rússia e também da Ucrânia. Se o valor do produto não aumentar, os argentinos podem ficar sobrecarregados ou sofrer perdas, já que o preço do dólar também começa a subir após as quedas da última semana.  

Além disso, pode haver risco de escassez, caso a guerra dure muito tempo. Isso porque outros importadores poderão solicitar o cereal da Argentina, que, segundo a Abitrigo, já vendeu mais de 13 milhões de toneladas das 20 milhões que colheu nesta temporada. Para o presidente da Abitrigo, Rubens Barbosa, o momento exige cautela e calma na formação dos cenários. “Se houver maior demanda por trigo argentino, pode ser um risco. No momento, o mercado exige muita cautela. Precisamos esperar e ver a evolução da situação e como ficará o mercado global de trigo e a oferta argentina”, disse ele.

O que dizem as previsões?

Segundo a previsão dos analistas,  é provável que nos próximos quatro ou cinco meses o preço continue subindo, se estabilizando ou caindo a partir de julho/agosto, quando começará a colheita no hemisfério norte. “Com a Rússia sendo o primeiro exportador mundial e a Ucrânia, o quarto, no mercado internacional a perspectiva de aumento do produto elevou o preço em todos os mercados”, disse Rubens Barbosa, presidente da Abitrigo.

“Mas tudo vai depender da extensão da guerra. O trigo é um problema sério, somos dependentes dele, muito vulneráveis. É uma pandemia, frete, agora essa questão de guerra, que não tem nada a ver com a gente.”, complementou.

Mais problemas podem surgir

Outro problema que pode tornar o trigo mais caro é a incerteza sobre os fertilizantes. A Rússia está entre os maiores produtores de cloreto de potássio e outros produtos fertilizantes nitrogenados, respondendo por cerca de 14% das exportações globais de fertilizantes químicos. A boa notícia para os brasileiros é que a safra atual já era comprada pelo preço de antes da guerra. Se o conflito não durar, os bolsos das famílias não serão afetados. 

João Belarmindo

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