Nesta terça-feira (9), a Associação Médica Brasileira (AMB) e sociedades de especialidades médicas que fazem parte do Comitê Extraordinário de Monitoramento da Covid-19 (CEM Covid-19) cobraram um posicionamento do Ministério da Saúde contra o chamado “kit covid”, composto por medicamentos sem eficácia contra a doença, como a cloroquina e a ivermectina.
O uso do “kit covid” foi promovido pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) diversas vezes durante a pandemia, mesmo após a constatação de que os medicamentos indicados não servem para tratar ou prevenir a Covid-19.
Além de cobrar o Ministério da Saúde, a AMB quer que o Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias ao SUS) publique um relatório vetando o uso do “kit covid” em pacientes infectados pelo novo coronavírus.
“Todas as agências de saúde pública recomendam não usar cloroquina, não usar hidroxicloroquina, não usar ivermectina, não usar azitromicina. Há evidência científica que elas não funcionam e podem causar efeitos colaterais”, disse Clovis Arns da Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), durante entrevista coletiva virtual na manhã de hoje.
“É algo inadmissível cientificamente mais de um ano depois que o mundo inteiro científico já mostrou isso que no Brasil ainda se perca tempo para discutir isso.”, acrescentou Clovis.
Ministério da Saúde diz que relatório sobre “kit covid” será encaminhado para consulta pública
Na avaliação do infectologista, o relatório contrário ao uso do “kit covid” precisa ser aprovado pela Conitec e publicado pelo Ministério da Saúde como orientação a todos os médicos do país. “Devia ser tido como uma referência para o Brasil para evitar que qualquer médico que às vezes não tem tanto acesso a informação possa dizer ‘esse é o documento que representa a ciência médica.”, afirma Clovis.
O Ministério da Saúde, através de nota ao portal UOL, informou que “o grupo elaborador das Diretrizes Brasileiras para Tratamento Medicamentoso Ambulatorial do Paciente com Covid-19 procedeu às alterações sugeridas pelo Plenário da Conitec. O documento será encaminhado para consulta pública, pelo prazo emergencial de 10 dias, após a publicação no Diário Oficial da União.”.