Endividamento dos mais pobres volta a atingir nível recorde

O número de brasileiros endividados vem crescendo no Brasil devido à pandemia da Covid-19, que continua atingindo severamente o país. E a população que mais sofre continua sendo a mais pobre, com renda de até R$ 2.100.

Pelo menos é o que aponta a pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). De acordo com o levantamento, 22,3% da parcela de brasileiros com renda mais baixa afirmaram estar endividados em abril.

A saber, esta é a maior taxa já registrada pelo indicador da FGV. Aliás, houve apenas uma única vez, além desta, que o patamar havia ficado tão alto: em 2016, época em que o Brasil enfrentava crises política e econômica devido ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Também vale destacar que esse é o maior nível já verificado desde o início da pandemia. Em contrapartida, o patamar mais baixo de endividamento atingido por essa faixa de renda foi em 2018, quando 11% dos entrevistados afirmaram possuir dívidas.

O levantamento da FGV também mostrou que, apesar de todas as faixas de renda registrarem elevação em seus níveis de endividamento, a situação mais crítica fica com os brasileiros de renda mais baixa. Isso porque os mais pobres possuem mais dificuldade para poupar recursos para algum imprevisto.

“Na verdade, não é nem uma poupança. É guardar um dinheiro este mês para poder pagar as suas contas no mês que vem e ter um pouco mais de tranquilidade”, explicou Viviane Seda, pesquisadora do Ibre/FGV.

Veja mais detalhes do levantamento da FGV

Para ter uma ideia da disparidade de endividamento entre as faixas de renda, o percentual de endividados com renda de R$ 2,1 mil a R$ 4,8 mil chega a 14,2%. Esse é a segunda faixa com maior dívidas e, mesmo assim, fica muito abaixo dos 22,3% dos mais endividados, os mais pobres.

Já 6,3% dos brasileiros com renda de R$ 4,8 mil a R$ 9,6 mil possuíam dívidas, o que representa 28,25% do nível dos mais pobres endividados. E esse percentual é ainda menor para os que possuem renda superior a R$ 9,6 mil. Nesse caso, 3,9% dos brasileiros estavam endividados.

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