A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio de uma nota técnica divulgada ontem (16), afirma que a difusão de notícias falsas tem atrapalhado o processo de vacinação infantil contra Covid-19 no Brasil.
“O Brasil iniciou em 15 de janeiro de 2022 a vacinação infantil contra a Covid-19, após a Anvisa aprovar a indicação de seu uso em crianças de 5 a 11 anos em 16 de dezembro de 2021. Contudo, a difusão de notícias falsas tem provocado resistência das famílias sobre a eficácia e segurança da imunização para esta faixa etária, mesmo que todas as evidências científicas disponíveis atualmente sejam favoráveis a esta medida. E o contexto não poderia ser mais preocupante: o retorno das atividades escolares presenciais”, diz trecho da nota assinada pela Fiocruz.
A campanha de vacinação infantil contra Covid-19 tem sofrido ataques do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), que já disse que não pretende vacinar a filha Laura, de 11 anos. O mandatário também chegou a afirmar que não conhecia crianças que morreram em consequência da Covid-19, embora o próprio Ministério da Saúde tenha confirmado mais de 300 mortes de crianças desde o começo da pandemia.
“Eu pergunto: você tem conhecimento de uma criança de 5 a 11 anos que tenha morrido de Covid? Eu não tenho. Na minha frente tem umas 10 pessoas aqui, se alguém tem levante o braço. Ninguém levantou o braço na minha frente. Então, converse, vê se é o caso de você vacinar o teu filho ou não. É um direito teu vaciná-lo, está autorizada a vacinação e ela é voluntária”, disse Bolsonaro, em janeiro, antes do início da vacinação infantil no país.
Rio de Janeiro culpa notícias falsas por baixa adesão à vacinação infantil contra Covid-19
Além da Fiocruz, o secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, avalia que a difusão de notícias falsas tem desestimulado pais e responsáveis e levarem as crianças aos postos de vacinação na capital fluminense.
“Foi a menor adesão para uma campanha de vacinação da nossa história. A gente tem apenas 39% das crianças vacinadas dentro dessa faixa etária que já passou, de 11 a 8 anos. É um número bastante baixo, a gente precisa reforçar com os pais a importância de vacinarem seus filhos, a covid é uma doença que a gente não sabe ao certo como vai se comportar, se vai existir uma mutação mais agressiva para criança, é muito importante que os pais protejam seus filhos”, disse Daniel Soranz, no começo deste mês.