Dia de Finados: a celebração pagã que foi incorporada ao calendário católico

Conforme disposto nos primeiros versículos do Salmo 24, uma oração bíblica presente na liturgia católica direcionada ao Dia de Finados, a data teve início por Santo Odon de Cluny, e foi oficializada no ano de 998. Odon foi um abade francês responsável por várias reformas no sistema religioso da época. 

 

Dia de Finados: a celebração pagão que foi incorporada ao calendário católico. (Imagem: Segredos do Mundo)

 

Há anos já se tornou bastante comum que o papa faça uma cerimônia dedicada aos mortos na cripta do Vaticano. O teólogo e filósofo Fernando Altemeyer Júnior, ressalta que o Dia de Finados é a data reservada para celebrar a vida de todos os fiéis que já faleceram. Em países como o Brasil e Portugal, o dia é reservado para a visitação aos túmulos. 

Enquanto isso, para os católicos, trata-se de um dia de penitência e recolhimento. Em algumas casas mais tradicionais, não era permitido nem mesmo ligar o rádio ou televisão. O propósito era preservar o silêncio interior e exterior, um dia de recitar o Salmo 24. Embora a data tenha sido oficializada somente no século 10, tempos antes já havia uma data em alusão à memória dos mortos, em tempos pré-cristãos, ou seja, em culturas pagãs.

Altemeyer alega que a Igreja Católica simplesmente chegou e decidiu tomar posse da data, mesmo quando já era uma celebração muito mais antiga, desde o Cro-Magnon, as primeiras populações de Homo sapiens. Vale ressaltar que hoje, o Dia de Finados sucede o Dia de Todos os Santos, celebrado no dia 1º de novembro. Na mesma celebração, a Igreja tem o hábito de venerar a memória daqueles que já partiram. 

Bem antes da Igreja Católica decidir institucionalizar o Dia de Finados, um livro estabeleceu as bases sobre como os cristãos costumam tratar os mortos. Trata-se do livro, De Cura pro Mortuis Gerenda, cujo texto é de 421 e atribuído ao teólogo Agostinho de Hipona, o Santo Agostinho. “A obra trata do culto devido aos mortos. É uma preciosidade, com verdadeiras pérolas do maior teólogo da Igreja”, comenta Altemeyer.

De acordo com o estudioso da fé católica, Carlos Martins Nabeto, especialista em Direito Canônico, na obra, Santo Agostinho faz uma abordagem interessante sobre uma variedade de fatos importantes a respeito dos mortos, que até hoje são preservados e respeitados pela Igreja Católica. A celebração do Dia de Finados está implícita no trecho do livro que diz que, “mesmo longe de ter sido formalizada e oficializada pelo rito católico, já se faziam as orações aos mortos em geral, em data específica”.

“A Igreja tomou para si o encargo de orar por todos aqueles que morreram dentro da comunhão cristã e católica. Ainda que não conheça todos os nomes, ela os inclui numa comemoração geral”, concluiu a obra.

Laura Alvarenga

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