Luis Miranda (DEM-DF) deveria falar nessa terça-feira (20) com a Polícia Federal (PF), a fim de explicar o caso da compra fraudada de Covaxin. Entretanto, o deputado pediu para remarcar seu depoimento e agora deve falar somente em agosto. Segundo ele, Miranda quer aproveitar o recesso parlamentar para ter férias com a família; o deputado fez o pedido apenas na segunda-feira (19).
Espera-se que Miranda dê sua contribuição ao inquérito da PF, uma tentativa de apurar suposta prevaricação do presidente Jair Bolsonaro diante de irregularidades na compra dos imunizantes. Porém, Luis Ricardo, servidor do Ministério e irmão de Luis Miranda, afirmou não ter mais as mensagens em que ele alega ter sido pressionado por superiores para liberar a importação do imunizante pois trocou de aparelho celular. As mensagens não ficaram salvas na nuvem e não foram espelhadas para o novo aparelho. À polícia, porém, ele afirmou manter todos os “prints” – fotos das conversas.
De qualquer modo, os irmãos Miranda garantem que a troca do aparelho celular não vai interferir na investigação, pois as mensagens podem ser conferidas através dos aparelhos das autoridades que exerceram a suposta pressão.
As suspeitas começaram quando Luis Miranda e seu irmão falaram à CPI que Bolsonaro sabia das negociações fraudadas.
Luis Miranda na CPI
No dia 19 de março, o Deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor Ricardo Luis Miranda, alertaram Bolsonaro sobre irregularidades na importação da vacina Covaxin. Ao receber a notícia, o presidente afirmou saber de um deputado governista que estava envolvido no caso e que levaria a denúncia ao delegado-geral da Polícia Federal. Porém, a promessa nunca foi cumprida.
Com base nisso, Miranda afirmou na CPI em 25 de julho que Bolsonaro sabia sobre o envolvimento do deputado Ricardo Barros, líder governista no Congresso, nas irregularidades no processo de compra da Covaxin. Segundo contou Miranda, o presidente teria respondido que “se eu mexo nisso aí, você sabe a merda que vai dar. Isso deve ser coisa de ‘fulano’”. O deputado também contou que enviou várias mensagens a assessores do presidente para alertar acerca da situação, mas não teve retorno.
Em outro momento, o servidor Miranda, concursado do ministério desde 2011, confirmou que seus superiores o pressionaram para acelerar o processo de importação da vacina Covaxin. “Toda a equipe do setor não se sentiu confortável com essa pressão, falta de documento, e como os meus dois superiores estavam pressionando eu conversei com meu irmão, que passou ao presidente”, disse o servidor do Ministério da Saúde. Os irmãos apresentaram aos senadores declarações de suposta cobrança de propina para que o Ministério da Saúde fechasse o contrato, apesar de irregularidades.
Luis Ricardo Miranda disse que encontrou diversos erros no pedido de importação, tais como: a Covaxin não tem aprovação da Anvisa para aplicação no país; o pagamento seria feito antecipadamente para uma terceira entidade que está localizada em um paraíso fiscal em Cingapura; o valor do pedido era de U$ 45 milhões por 3 milhões de doses da vacina Covaxin, muito acima do valor unitário enviado ao ministério.