Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid nesta terça-feira (14), o advogado e dono da Rede Brasil de Televisão, Marcos Tolentino, negou ser um “sócio oculto” do FIB Bank, que atuou como fiador na negociação de compra da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde com intermédio da Precisa Medicamentos.
“Eu, Marcos Tolentino, afirmo que não possuo qualquer participação na sociedade, não sou sócio da empresa como veiculado por algumas matérias”, declarou o depoente. No entanto, uma empresa registrada em nome da mãe dele recebeu R$ 336 mil do FIB Bank no dia 23 de março, segundo apurado pela CPI.
Tolentino relatou à CPI que teve “encontros meramente casuais” como o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), porém, negou ser amigo do mandatário brasileiro.
“Informo que conheço o presidente desde o período em que era deputado Federal, mas não possuo nenhuma amizade pessoal ou qualquer outro tipo de relacionamento”, disse. “Estive com ele em alguns encontros, meramente casuais. Inclusive, se pegar até as datas em que comecei a voltar para cá, já foi em junho, julho, no marco regulatório das TVs.”, disse Tolentino.
Com habeas corpus concedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal), Tolentino preferiu ficar em silêncio quando foi questionado pelos senadores sobre o patrimônio do FIB Bank e seus reais donos.
O nome de Tolentino foi envolvido no escândalo da compra da Covaxin quando o diretor-presidente do FIB Bank, Roberto Ramos Junior, disse à CPI que o dono da Rede Brasil de Televisão havia atuado como advogado de Ricardo Benetti, com procuração para responder pelos sócios do FIB Bank. Benetti é sócio da empresa Pico do Juazeiro, uma das acionistas do FIB Bank.
Tolentino é amigo de investigado pela CPI da Covid
Tolentino confirmou que já foi sócio da família Benetti e atuou como advogado para empresas de Ricardo e do pai, Ederson. “Dessa empresa da qual eu fazia parte [Pico do Juazeiro], derivaram muitos negócios, direitos, bens, outras empresas, algumas que têm inclusive o nome Benetti como parte de sua razão social”, explicou ele.
“E, mesmo com o falecimento do doutor Ederson Benetti, em um acordo com seu filho e herdeiro, Ricardo Benetti, algumas dessas empresas permaneceram de minha propriedade e outras foram a ele transferidas, a fim de fazer jus a seus direitos hereditários.”
A composição do quadro de sócios do FIB Bank é alvo de suspeitas por parte da CPI da Covid, que apurou que a empresa de garantias foi inicialmente registrada em nome de pessoas sem qualquer relação com ela, que teriam atuado como laranjas, como um morador de Alagoas que acionou a Justiça para desvincular seu nome do FIB Bank.
Além do envolvimento com o FIB Bank, Tolentino é amigo do líder do governo na Câmara dos Deputados e investigado pela CPI, Ricardo Barros (PP-PR).