O vide-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse hoje (17) que não tem dúvidas sobre Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, ter cometido crime de falso testemunho em depoimento à CPI.
A prova da acusação do senador seria o vídeo divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo do encontro de Pazuello com intermediários interessados em vender doses da CoronaVac pelo triplo do preço. Isso porque, para justificar o fato de não ter atendido representantes da Pfizer, ex-ministro afirmou à CPI que não se reunia com empresas diretamente.
As imagens divulgadas mostram que Pazuello se reuniu com intermediários para tratar sobre a compra de doses da CoronaVac no mês de março, dois meses após o Brasil ter iniciado a campanha de vacinação justamente com doses da CoronaVac fornecidas pelo Instituto Butantan, parceiro do laboratório Sinovac, desenvolvedor da vacina.
“Ficamos estupefatos com o vídeo do senhor Eduardo Pazuello recebendo um intermediário da vacina CoronaVac, com o Brasil já tendo iniciado a vacinação com o Instituto Butantan. Mais de 3 mil mortos por dia [no Brasil] e o ministro da Saúde estava recebendo intermediários que não tinham vacina”, criticou Randolfe em entrevista à GloboNews na tarde deste sábado (17).
“No mínimo no falso testemunho à CPI está clara a caracterização penal do ministro.”, completou o senador.
CPI da Covid requisitará mais dois delegados da PF
Randolfe ressaltou que a recusa de Pazuello em receber representantes da Pfizer atrasou a vacinação contra Covid-19 no Brasil, que poderia ter começado em dezembro de 2020 e, assim, poupado a vida de milhares de pessoas que morreram em decorrência da doença.
Na avaliação de Randolfe, Pazuello cometeu outros crimes, como tráfico de influência e corrupção passiva. “Falso testemunho é o menor dos crimes dele”, disse.
Para acelerar os trabalhos da CPI da Covid, de acordo com Randolfe, a Comissão irá solicitar reforço da Polícia Federal para auxiliar o relator Renan Calheiros (MDB-AL). A CPI já conta com apoio de servidores da Receita Federal, do TCU (Tribunal de Contas da União) e de um delegado da PF.
“A ideia é requisitar pelo menos mais dois delegados”, informou Randolfe.