A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid apurou que o FIB Bank transferiu R$336 mil a uma empresa registrada no nome da mãe do advogado e empresário Marcos Tolentino, que prestou depoimento hoje à CPI.
Ao ser questionando sobre a transferência do FIB Bank a empresa em nome de sua mãe, Tolentino preferiu ficar em silêncio, usando o habeas corpus concedido a ele pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
O FIB Bank, que apesar do nome não é um banco, deu garantia de compra da vacina Covaxin pela Precisa Medicamentos, que intermediou a negociação com o Ministério da Saúde. Foi o FIB Bank que emitiu uma carta-fiança no valor de R$ 80,7 milhões para a aquisição do imunizante, que acabou tendo o contrato cancelado após suspeitas de corrupção.
Os R$ 336 mil recebidos pela mãe de Tolentino correspondem a 96% do montante pago pela Precisa Medicamentos ao FIB Bank como pagamento pela atuação da instituição que atuou como fiadora na compra da Covaxin.
Em seu depoimento, Tolentino negou ser “sócio oculto” do FIB. No entanto, a empresa Brasil Air Log, registrada em nome da mãe do depoente recebeu R$ 336 mil do FIB Bank em 23 de março deste ano. Na mesma data, a Precisa Medicamentos pagou R$ 350 mil ao FIB Bank.
CPI da Covid apura que Tolentino seria “sócio oculto” do FIB Bank
Embora Tolentino negue, os senadores avaliam que o advogado atuou como “sócio oculto” da garantidora.
“Esse é um dos pontos mais críticos do depoimento, pois, como eu falei aqui anteriormente, as movimentações financeiras mostram que a Brasil Space Air Log, empresa que pertence de fato ao senhor Marcos Tolentino, recebeu do FIB Bank R$ 336 mil dos R$ 350 mil no mesmo dia em que esse valor foi pago pela Precisa Medicamentos. Os outros R$ 14 mil foram destinados a Wagner Potenza, ex-Presidente do FIB Bank”, afirmou o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Conforme apuração da CPI da Covid, Tolentino seria dono não só da Brasil Space Air Log e do FIB Bank, mas também das empresas Pico do Juazeiro e MB Guassu, constituídas com nomes de laranjas.
“As movimentações financeiras entre o FIB Bank e empresas ligadas a Marcos Tolentino, notadamente a Brasil Space Air Log, mostram que há fortes indícios, senão comprovações, de que o FIB Bank, Pico do Juazeiro e MB Guassu, essas duas últimas empresas constituídas em nome de laranjas, pertencem exatamente a Marcos Tolentino”, afirmou o relator.