Durante a sessão em que houve a leitura de uma versão resumida do relatório da CPI da Covid, o relator Renan Calheiros (MBD-AL), destacou que a mais grave omissão do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi o atraso deliberado na compra de vacinas contra o novo coronavírus.
Na versão do relatório lida hoje por Renan, é pedido o indiciamento de Bolsonaro e de outras 65 pessoas, além de duas empresas. Inicialmente, o senador havia sugerido o indiciamento de 70 pessoas e duas empresas, mas a versão do relatório foi modificada após jantar ontem (19) na casa de Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Na avaliação de Renan, a CPI da Covid é “histórica, exemplar, com muitas contribuições para a sociedade”. Segundo ele, o maior legado do colegiado são as vidas salvas pelo aumento da campanha de vacinação e da rejeição de ideias negacionistas rechaçadas durante os trabalhos da CPI.
“A Comissão obrigou o governo a abandonar a inação e o negacionismo para correr atrás de vacinas que, lá atrás, boicotou. São vidas preservadas, ainda que tenhamos uma das maiores letalidades do mundo pela incúria do governo. Esse é o nosso maior legado: vidas. A queda de infecções, mortes e hospitalização é consequência direta da imunização.”, disse o relator.
Relator da CPI da Covid considera “trágica” a gestão de Bolsonaro na pandemia
Renan ainda afirmou que o governo de Jair Bolsonaro falhou no combate ao novo coronavírus, classificando como “trágica” a gestão do presidente durante a pandemia. O senador também considera que Bolsonaro foi “assessorado pelos piores ministros da história”.
“Essa CPI é a primeira a comprovar as digitais de um presidente da República na morte de milhares de cidadãos. Chegamos a uma das maiores letalidades do planeta, resultado funesto, sepulcral, derivado de muitos erros e práticas mortais que conjugaram heresias científicas fatais, como boicote irracional e deliberado às vacinas e experimentos de triste memória nazista com seres humanos. Nunca, exceto em regimes autoritários e sanguinários, a vida foi tão desprezada, vilipendiada. Isso se traduz mais assustadoramente nas mortes, mas também na fome, no desemprego, na indigência.”, afirmou Renan.
O presidente Bolsonaro, por sua vez, criticou a CPI da Covid durante evento em Russas (CE), afirmando que não tem “culpa de absolutamente nada” e que “fez a coisa certa desde o primeiro momento” em relação à pandemia de Covid-19 no Brasil.
Ontem (19), Bolsonaro já havia desdenhado do relatório da CPI da Covid apresentado por Renan Calheiros e vazado à imprensa na semana passada. Na ocasião, o presidente disse que não estaria preocupado com os efeitos da comissão.