Através de uma nota técnica enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite de Melo, afirmou que a vacina infantil contra Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos é segura.
No documento, Melo ainda diz que o imunizante é uma importante ferramenta de proteção contra a doença e pode atenuar as interrupções de aulas durante a pandemia.
“Antes de recomendar a vacinação [contra a] covid-19 para crianças, os cientistas realizaram testes clínicos com milhares de crianças e nenhuma preocupação séria de segurança foi identificada”, afirmou a secretária. “As vacinas [contra a] Covid-19 estão sendo monitoradas quanto à segurança com o programa de monitoramento de segurança mais abrangente e intenso da história do Brasil”, disse.
A nota técnica foi enviada ao STF para embasar a posição da AGU (Advocacia Geral da União) em uma ação movida pelo PT (Partido dos Trabalhadores) para cobrar um calendário de vacinação contra Covid-19 de crianças de 5 a 11 anos, uma vez que o imunizante infantil da Pfizer já foi autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 16 de dezembro.
O ministro Ricardo Lewandovski acatou o pedido da AGU e deu até 5 de janeiro para o governo federal se manifestar sobre a imunização das crianças. A nota técnica assinada por Rosana Leite de Melo é uma resposta a uma arguição apresentada por Lewandovski, relator do caso.
Nota do Ministério da Saúde sobre vacina infantil contraria Bolsonaro
O posicionamento da secretária subordinada ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, contraria argumentos apresentados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) questionando a vacina infantil contra Covid-19.
“Eu tenho uma filha de 11 anos. Não está havendo morte de crianças que justifique algo emergencial. E tem outros interesses, entra a desconfiança nisso tudo. Lobby da vacina”, afirmou o presidente em entrevista a jornalistas na véspera de Natal.
“Essa desconfiança, interrogação enorme que existe aí? Efeitos colaterais: existem, não existem, quais são? Miocardite, entre outros”, completou Bolsonaro. “Se vai fazer bem ou não, o pai decide. E ele [Queiroga] quer botar também a questão da prescrição médica”, afirmou o presidente.
Embora Queiroga tenha dito que será necessária a apresentação de um pedido médico para a vacinação de crianças contra Covid-19, diversos estados anunciaram que não devem seguir a recomendação do ministro da Saúde.