A União Africana, nesta quinta-feira (9), criticou as promessas vazias feitas por governantes de países ricos que disseram que iriam enviar vacinas contra a Covid-19 ao continente para colaborar com a imunização de nações menos favorecidas.
A África enfrenta uma nova onda de Covid-19, que já tirou a vida de mais de 200 mil mortos em todo o continente, observando um aumento alarmante no número de casos confirmados.
Cerca de 40 países africanos estão passando pela terceira onda, enquanto outros seis já combatem uma quarta onda de Covid-19, ao passo que a vida em diversos países ricos volta à normalidade por conta do avanço da vacinação.
Enquanto algumas nações ricas e de média renda conseguiram vacinar mais de 70% da população, na África apenas 3,18% dos 1,3 bilhão de habitantes estão totalmente imunizados contra a Covid-19. O principal motivo do baixo índice de vacinação no continente é a escassez de doses disponíveis.
“Não podemos continuar politizando essa situação, fazendo declarações que não levam a compromissos firmes”, disse o diretor dos Centros Africanos de Controle e Prevenção de Doenças, John Nkengasong. “As promessas não fazem chover vacinas”, destacou em coletiva de imprensa online.
Países ricos prometeram 1 bilhão de doses à África
Em junho, as principais potências do G7 disseram que iriam compartilhar 1 bilhão de vacinas com países em desenvolvimento, em vez das 130 milhões de doses prometidas em fevereiro deste ano.
O G7 também anunciou que pretende incluir compromissos para evitar futuras pandemias, como o fortalecimento da Organização Mundial de Saúde (OMS) e a redução dos prazos de desenvolvimento e certificação de imunizantes.
Apesar das promessas, de acordo com Nkengasong, as doses prometidas ainda não chegaram à África. “Não vimos um bilhão de vacinas”, disse ele, que denunciou uma “diplomacia das vacinas segundo a qual as pessoas fazem discursos nos jornais que, no final, não se refletem na realidade”.
De acordo com estimativas, a África precisa de 1,5 bilhão de doses de vacinas para imunizar 60% de seus habitantes contra a Covid-19.
“Não venceremos esta guerra contra a pandemia se não vacinarmos todos rapidamente”, insistiu Nkengasong. “Caso o contrário, teremos que nos preparar para viver com este vírus como uma doença endêmica”, concluiu.
Assim como a União Africana, a OMS defende que mais vacinas sejam enviadas aos países em desenvolvimento, colocando-se contra a aplicação da terceira dose nos habitantes de países ricos.