Nesta segunda-feira (13), peritos da OMS (Organização Mundial da Saúde) e da Agência de Medicamentos norte-americana (FDA na sigla em inglês) questionaram a aplicação da terceira dose da vacina contra Covid-19 em toda a população.
Segundo o parecer divulgado pelos especialistas na revista The Lancet, as duas doses já aplicadas ou a dose única da Janssen seriam suficientes para evitar formas graves de Covid-19, inclusive, protegendo contra a variante Delta, a cepa mais transmissível do novo coronavírus.
“Essas vacinas, que são limitadas, salvarão mais vidas se elas forem fornecidas às pessoas que têm um risco maior de desenvolverem uma forma grave (da Covid) e que ainda não foram imunizadas”, declararam os peritos.
“Os dados atuais não mostram a necessidade de doses de reforço da vacina na população, na qual a eficácia contra as formas graves [do vírus] permanece elevada”, completou o grupo, composto por especialistas da OMS, da FDA e de outros organismos de pesquisa.
Na avaliação dos peritos, o fato de os anticorpos caírem com o passar dos meses em pessoas vacinadas com duas doses não significa que os imunizantes não protejam contra formas graves de Covid-19. Além dos anticorpos, os especialistas ressaltam que é preciso levar em conta a “imunidade celular”, ligada aos linfócitos — uma proteção dificilmente quantificada.
Terceira dose da vacina deveria combater novas variantes
Os cientistas, porém, defendem que doses de reforço sejam concebidas especialmente para combater variantes mais resistentes que possam aparecer futuramente, o que é diferente de aplicar novamente os imunizantes já existentes.
Desde que o debate sobre a terceira dose começou, a OMS se posicionou de forma contrária. Para a entidade, a dose de reforço em pessoas já vacinadas seria o mesmo que dar coletes salva-vidas para quem já tem, enquanto outros morrem afogados.
A OMS defende que, antes da aplicação da terceira dose, as vacinas devem ser distribuídas entre os países pobres, pois só assim é possível frear o avanço da Covid-19 pelo mundo.