A variante Ômicron do novo coronavírus pode ser considerada o vírus de propagação mais rápida em toda a história, de acordo com o médico infectologista norte-americano, Roby Bhattacharyya, do Hospital Geral de Massachusetts. A nova cepa já predomina em diversos países do mundo e é a principal causa da nova explosão de casos de Covid-19.
“É uma propagação incrivelmente rápida”, alertou Bhattacharyya, que fez um cálculo comparando a Ômicron ao sarampo, um dos vírus mais contagiosos. A conclusão aponta que, num cenário sem vacinação, um caso de sarampo originaria outros 15 casos em somente 12 dias. Já um único caso de infecção pela Ômicron daria origem a 216 casos no mesmo período de tempo. Com isso, em 35 dias, a Ômicron atingiria 280 mil pessoas, enquanto o sarampo infectaria 2.700.
Por outro lado, como já existe vacina contra a Covid-19 e muita gente foi infectada pelo coronavírus, o que também produz anticorpos, Bhattacharyya estima que um caso de Ômicron atualmente dê origem a mais três casos, uma taxa de transmissão semelhante ao coronavírus original detectado na China pela primeira vez no final de 2019.
Mesmo assim, a taxa de transmissão preocupa, pois ainda não existiam vacinas quando a primeira onda de Covid-19 atingiu o mundo. Agora, mesmo com vacinação e restrições, a Ômicron consegue infectar muita gente.
“Nas condições atuais”, com vacinação e restrições, “um modelo simples de crescimento exponencial revelaria 14 milhões de pessoas infectadas com Ômicron a partir de um único caso, em comparação com as 760 mil infectadas com sarampo numa população sem defesas específicas”, adiantou o médico, em entrevista ao jornal espanhol El País.
Ômicron bateu recorde de propagação mais rápida
O também médico, Anton Erkoreka, que estuda pandemias passadas, segue a mesma linha de Bhattacharyya. Na avaliação dele, a Ômicron “é o vírus mais explosivo e de mais rápida difusão de toda a história”.
Erkoreka comparou o novo coronavírus à gripe russa de 1889: ambos os vírus levaram cerca de 3 meses para se espalhar pelo planeta. Agora, “a variante Ômicron bateu o recorde de propagação”, afirmou o médico ao El País.
Apesar de conseguir infectar pessoas vacinadas, a variante Ômicron do coronavírus, em geral, não causa maiores complicações em quem já foi imunizado contra a Covid-19. Por essa razão, a maioria dos casos graves observados nesta nova onda são de pessoas não vacinadas.
“Em pessoas não vacinadas, a Ômicron é apenas cerca de 25% menos grave do que a variante Delta, a versão do vírus que até há pouco tempo era dominante”, afirmou o infectologista Roby Bhattacharyya.