O pediatra Ricardo Queiroz Gurgel, novo coordenador do PNI (Programa Nacional de Imunizações), defendeu a vacinação de adolescentes contra a Covid-19 e garantiu que não há conflitos sobre o tema no Ministério da Saúde. As afirmações foram feitas em entrevista ao jornal O Globo.
“Eu faço parte do departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria e nós soltamos uma nota recomendando a vacinação e isso já foi revertido. O ministério já recomenda que seja feito. Então, isso não é problema. Não tem nenhum conflito em relação a isso”, disse o médico.
A vacinação de adolescentes contra a Covid-19 foi tema de debates entre o Ministério da Saúde e autoridades de cada estado brasileiro, pois em determinado momento a pasta recomendou a suspensão da imunização para jovens entre 12 e 17 anos. Após críticas de especialistas, governadores e prefeitos, o governo federal voltou atrás e passou a recomendar novamente a vacinação de adolescentes sem comorbidades.
O novo coordenador do PNI explicou que, embora participe das decisões sobre a vacinação contra a Covid-19, a responsável por coordenar a imunização contra a doença é a Secretaria Extraordinária de enfrentamento à Covid-19, que faz parte do Ministério da Saúde.
Principal objetivo a restabelecer vacinação de outras doenças
Especialista na área de imunização, Gurgel foi nomeado hoje para assumir a coordenação do PNI. Segundo ele, sua principal missão será recuperar a cobertura vacinal de várias doenças no Brasil, como sarampo, coqueluxo, tétano e difiteria, que tiveram perdas por conta da pandemia.
“Por conta das baixas coberturas, começou a ter sarampo novamente (no Brasil), há dez anos que não tinha. Teve sarampo na Venezuela e veio tudo para cá, porque as pessoas não estavam protegidas. Teve sarampo na Europa e aí teve casos no Brasil. A cobertura vacinal precisa ser recomposta. Acho que essa é a minha principal missão no PNI”, explicou.
De acordo com Gurgel, a situação não estava boa antes da pandemia, mas piorou com a chegada do novo coronavírus no Brasil, aumentando a preocupação com a volta de doenças que estavam controladas através da vacinação. O pediatra diz que o objetivo é “voltar a ter coberturas próximas de 90% ou acima de 90%”.