A mãe da menina Ana Luísa dos Santos Oliveira, de oito anos, que morreu por complicações decorrentes da Covid-19, é uma das que defendem que as crianças sejam vacinadas. De acordo com ela, em entrevista ao portal “G1” nesta terça-feira (21), na sua família, somente a pequena ainda não havia recebido a imunização.
Na reportagem, Valkíria Alice dos Santos, de 39 anos, que é vendedora, confessou que torcia para que a liberação da vacina para as crianças acontecesse logo, para que sua filha estivesse, finalmente, imunizada. Na visão da moça, caso Ana Luísa estivesse vacinada, os efeitos da Covid-19 poderiam ser menores.
“Eu creio que, se ela tivesse tomado, poderia ter pego, mas não desse jeito. Seria fraco, e não tão agressivo do jeito que foi. Tem que liberar essas vacinas para as crianças”, contou ela, que vive no Distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá, no litoral de São Paulo.
Criança sem comorbidade
De acordo com a mulher, sua filha era “gordinha”, tinha rinite alérgica, mas sem nenhum diagnóstico de comorbidade. “A única coisa que ela tinha era rinite alérgica. Ela era gordinha, mas era uma criança saudável, não tinha diabetes, não tinha colesterol, brincava normal, estava indo à escola”, explicou.
“Eles falaram ‘mãe, devido a ela ser gordinha, pode ter sido um fator que contribuiu para ela não conseguir a cura'”, disse a mãe, completando que a família acredita que a pequena contraiu o vírus na escola.
“Aqui em casa não foi. Creio que foi no colégio, após liberarem o retorno de 100% [da capacidade]. Às vezes, as crianças não têm sintomas”, relatou Valkíria dos Santos.
Vacinação é essencial
Ainda na entrevista, a mulher ressalta que sua filha foi a única da família que não recebeu a imunização e essa é a prova de que as crianças devem, sim, receber a vacina contra a Covid-19. “Por que aconteceu com a minha filha? Ela era muito cuidadosa. Creio que, se estivesse vacinada seria diferente. As crianças precisam, acham que não pegam, mas elas pegam, sim”, afirma.
Ela ainda relata que sua filha tinha medo da doença e, por isso, sempre estava se cuidando. “Era mais cuidadosa da casa. Tinha uma bolsinha só com a máscara, álcool em gel, lavava a mão, chegava da escola e tomava banho, às vezes eu queria dar uma caminhada, e ela falava para colocar a máscara. Não era aquela criança que não queria usar”, contou.
“Quando ela ficou dodói, falou ‘mãe, estou com Covid-19?’. Falei que estava, mas que ela ia ficar boa. Ela era bem calma, não se desesperou, mas Deus quis levar ela, meu anjinho”, desabafou a mãe.
Recado aos pais
Na entrevista, a mãe ainda mandou um recado aos pais e a todos para que não relaxem, pois a pandemia não acabou. “Eu peço para os pais tomarem cuidado com as crianças, os que pensam que [a doença] é fraquinha. Eu também pensava, os sintomas nem apareceram, e quando fui ver, já tinha tomado conta dela”, começou.
“Eu não demorei para correr com a minha filha para o hospital, fui na hora certa, e o médico falou isso”, relatou a mulher, finalizando que, mesmo com a agilidade, a Covid-19 foi “traiçoeira”, e levou sua filha. “Fiquem em cima das vacinas. Se funcionou para nós, vai funcionar para as crianças também”, finalizou.
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