Em meio a preocupação frente a propagação da variante P.1, uma empresa italiana de biotecnologia que trabalha em vacinas contra o novo coronavírus passou a desenvolver um imunizante específico contra a variante. A variante, que pode ser resistente às vacinas que já existem, teria surgido em Manaus, uma das cidades mais afetadas pelo vírus até agora.
“Projetamos uma vacina ad hoc para a variante brasileira e estamos trabalhando em etapa pré-clínica. Os dados devem estar disponíveis dentro de aproximadamente um mês”, disse à ANSA o CEO da empresa italiana Takis Biotech, Luigi Aurisicchio.
Atitude da empresas italiana para combater as variantes resistentes
De acordo com o executivo, “está emergindo cada vez mais” que a variante “é resistente à resposta imunitária induzida pelas vacinas”. Com larga experiência na pesquisa de imunizantes contra o câncer, a Takis tem sede em Roma, capital da Itália, e há um ano trabalha na criação de uma vacina contra o Sars-CoV-2. Chamada Covid-eVax, essa nova candidata tem como base um fragmento de DNA injetado no músculo para estimular a produção de uma determinada porção da proteína “spike”, espécie de coroa de espinhos que o novo coronavírus usa para agredir as células humanas.
Tecnologia de eletroporação
A aplicação do imunizante é realizada através de uma tecnologia chamada eletroporação, que consiste em um impulso elétrico no músculo para aumentar a permeabilidade das membranas celulares. A criação da vacina é feita em parceria com a empresa Rottapharm Biotech, outra empresa italiana. A Agência Italiana de Medicamentos (Aifa), autorizou recentemente o início dos ensaios clínicos em humanos, que devem começar na primeira semana de março.
As fases 1 e 2, que colocam à prova a segurança e a capacidade de estimular a produção de anticorpos, devem acontecer em hospitais de Nápoles, Roma e Monza. Já a fase 3, quando se analisa a eficácia da vacina para proteger contra a doença, está prevista para o segundo semestre de 2021.
Preocupação da OMS com a variante brasileira
A Organização Mundial da Saúde divulgou nesta semana um relatório, que alerta que investigações preliminares demonstram que a variante brasileira poderia “potencialmente reduzir a neutralização por anticorpos”. O documento ressalta que são necessários “estudos adicionais” para analisar se as mutações aumentam a transmissibilidade do vírus ou a gravidade da doença, mas o tema é motivo de preocupação mundial.