Um estudo publicado por cientistas brasileiros na revista científica The Lancet indica que o uso da cloroquina não ajuda no tratamento da Covid-19 e ainda causa problemas gastrointestinais nos pacientes.
Com base em 33 artigos e 14 estudos publicados de janeiro de 2020 a maio de 2021, os pesquisadores apontam que o medicamento defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como parte do “tratamento precoce” provoca diversos problemas adversos.
Além de não ser eficaz na prevenção da Covid-19, segundo o estudo, a cloroquina não traz benefícios a pacientes infectados, seja em casos leves ou graves.
A pesquisa revela que houve um aumento de 38% no risco de eventos adversos e de 145% para sintomas gastrointestinais em pacientes que fizeram uso da cloroquina.
“Acabamos verificando um risco aumentado de eventos adversos gastrointestinais associados ao medicamento”, confirma ao portal UOL o pesquisador que coordenou o estudo, Paulo Martins-Filho, da UFS (Universidade Federal de Sergipe).
De acordo com ele, “felizmente, não houve registro de casos de arritmia ou morte, nem um aumento do risco de reações neurológicas advindas do uso da hidroxicloroquina”.
Para chegar aos resultados, o estudo analisou ensaios clínicos randomizados, duplo cego e controlados por placebo.
Cloroquina deve ser abandonada do tratamento de Covid-19
A conclusão dos cinco pesquisadores é que “as evidências disponíveis com base nos resultados de estudo duplo cego e controlados por placebo não mostraram benefícios clínicos da hidroxicloroquina como profilaxia pré e pós-exposição e tratamento de pacientes não hospitalizados e hospitalizados com covid-19”.
“Esses achados indicam que a hidroxicloroquina, apesar de ineficaz contra covid-19, é segura sob condições controladas”, diz Martins-Filho.
Segundo o especialista, não restam dúvidas de que a cloroquina deve ser abandonada para qualquer tipo de tratamento contra a Covid-19.
“Nossa meta-análise não mostrou uma diminuição do risco de desenvolvimento da doença quando a hidroxicloroquina foi utilizada de forma profilática e não verificou benefícios clínicos quando prescrita para pacientes com diversos graus de severidade da covid-19”, afirmou.
“Os resultados desse estudo acabam confirmando que não existem evidências que suportem o uso da hidroxicloroquina para prevenção e tratamento da covid-19”, finaliza.